segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Rodrigo Cintra fala sobre a premiação de "Rubi" no 10º Curta Cabo Frio e a Atividade Cineclubista na cidade!

Rodrigo Cintra tem um olhar vibrante para a arte do audiovisual. Desde que o "ConheCinema", cine clube na UVA (Uiniversidade Veiga de Almeida), fundado a um ano atrás. A atividade cineclubista ganhou grande visibilidade na região, rompendo, em Cabo Frio, com a solidão do "Cine Mosquito". Poder dialogar e aprender com alguém que leva a atividade a sério, é uma grande oportunidade para todos nós.
No recente "10º Curta Cabo Frio", Rodrigo foi surpreendido ao ver o filme de Mario Sales Buzzacchi, "Rubi" ser premiado. Ele participou da criação do roteiro, criado a partir de um texto teatral de Nathally Amariá, no NUDRA - Núcleo de Dramaturgia Livre.



ENTREVISTA COM RODRIGO CINTRA

Cine Mosquito - Como foi que começou sua paixão por Cinema?

Rodrigo Cintra - Boa pergunta! Estou, aqui, buscando na minha memória algum momento que tenha sido o gatilho para me envolver de forma mais incisiva com o cinema. Porém, acho que alguma resposta nesse sentido acabaria com toda a magia do cinema enquanto cinema. Penso que minha paixão pela sétima arte começou como deve acontecer com muitas pessoas, pela infância: consumindo cinema, indo às salas de exibição ou ligando as TVs. Cinema é uma forma de emergir em outro universo, seja assistindo-lhe ou gravando.

CM - Qual a sensação de ganhar um prêmio num festival de cinema tão importante como o de Cabo Frio, que já está na sua décima edição?

RC - É incrível! Eu vou a esse festival há pelo menos 5 anos, meia década de romance e paixão com o Curta Cabo Frio. Recordo-me que, na edição anterior, fiz uma oficina de roteiro oferecida pelo festival em parceria com o IFF e o Cinema Possível, com o professor Bruno Pereira. Por isso, poder assistir à "Rubi", do Mário Salles e que ajudei a escrever o roteiro, nesse festival me contagiou com uma doce e vibrante alegria, o prêmio foi a cereja no bolo. E assim encerrou-se o último dia de Curta Cabo Frio: uma cereja.
É incrível ter um filme seu ganhando algum prêmio entre tantos filmes fantásticos, gratificante demais!

CM - Como você percebe o cineclubismo, hoje, na região dos lagos?

RC - De antemão, digo que cineclubismo é uma ação de resistência total. Penso que quem faz cineclube quer dizer algo a alguém, por isso o faz. Infelizmente, ainda, essa voz não chega a tantos ouvidos e olhos audiovisuais quanto eu gostaria. Eu tenho olhado muito para o cineclubismo em Cabo Frio, e acho que o "ConheCinema" e "Cine Mosquito" têm mantido um trabalho contínuo de qualidade e muito criativo com um público crescente. Além do mais, existem outros trabalhos super bacanas no "Cine Scliar", "MART" e "Charitas".
Olhando para fora de Cabo Frio, há também ações cineclubistas como "Tijolo Cineclube" em Araruama, "Búzios Cine Clube" em Búzios e "Filmes Ociosos" em São Pedro da Aldeia. Infelizmente não há uma divulgação forte da agenda cultural na Região, o que salva os cineclubes - e outros eventos artísticos também- é a internet. O "ConheCinema", por exemplo, tem buscado um bom engajamento digital na sua página do Facebook e tem tido a oportunidade de aparecer consideravelmente nos jornais locais, isso me dá mais esperança de que ainda existe um lugar ao sol para o cineclubismo.

Conhecinema, um ano de atividade e muita história bonita pra contar. É o cineclubismo crescendo cada vez mais,
em Cabo Frio, Rodrigo Cintra é um dos criadores desta história tão bonita.
CM - Quais seus filmes preferidos, o que você recomenda?

RC - Acho que recomendo todos os meus prediletos, hahahaha. Gosto muito do filme "O Quinto Selo", de Zoltán Fábri, esse filme é sempre o primeiro que me vem em mente após esse tipo de pergunta. Sugiro muito fortemente a você, leitor, assistir aos filmes: "A Raiva", de Mathieu Kassovitz; "Sangue Francês", de Diastème, "Isália", de Marcelo Tosta; "A Onda", de Dennis Gansel; "Crime de Honra - Ensaio Para Intolerantes", de Vinicius de Oliveira. Existe muito mais filmes incríveis, mas em um top 6, eu diria esses. Acho que são filmes, em conjunto, interessantes para refletir sobre a vida, o como companheirismo, intolerância e raiva podem habitar o mesmo espaço ou até momento..

CM - Na tua opinião, o que você acha que falta, para o audiovisual decolar, em nossa Região.

Ao lado de amigos de sua geração, Cintra sempre está onde
o cinema se faz presente.
RC - Penso que as coisas só estão fluindo porque estamos produzindo e exibindo. Mas acredito que, para decolar, é preciso uma série de medidas, o Sistema Nacional de Cultura com certeza seria uma delas. A Região precisa de incentivo público para o crescimento da produção e exibição cinematográfica. Outro problema é o pouco consumo de audiovisual na Região dos Lagos, por causa da escassa divulgação sobre os eventos. Falta a grande mídia local noticiar devidamente à cena audiovisual. É preciso que os jornais e os sites das prefeituras falem devidamente desses eventos nas cidades.

CM - Quais seus projetos futuros?


RC - Estou prestes a produzir trabalhos bem legais pelos próximos meses. Recentemente, recebi o convide para dar aulas de fotografia e audiovisual com outros membros do ConheCinema aos alunos da rede pública de ensino em uma parceria da prefeitura de Cabo Frio com a Universidade Veiga de Almeida. Esses dois minicursos estão previstos para início de novembro. Também tenho trabalhado na finalização do filme que dirigi no curso Mergulho Cinematográfico que fiz neste ano. Estou em um momento de escrever e gravar novas coisas, como ficção e documentário, além de desengavetar roteiros antigos. Espero que algum filme desse vá para o próximo Curta Cabo Frio.


CM - Fale um pouco da tua experiência na oficina "Mergulho Cinematográfico" com Paulo Mainhard e Manu Castilho.


RC - Manu Castilho e Paulo Mainhard são mentes cinéfilas gigantes. Fazer um curso ministrado por eles foi um grande compartilhamento de experiências. A oficina me ajudou demais o meu amadurecimento cinematográfico. Aprendi muito com os alunos também, foi uma relação de troca linda! Paulo e Manu são bem apaixonados por cinema e passavam isso para mim dando tantas referências e técnicas. O que mais me motivou no curso foi eu me descobrir como diretor, o filme produzido foi o meu primeiro trabalho nesse sentido. Operar a câmera e pensar de forma mais séria em aspectos da fotografia, visto que utilizamos a técnica 'noite americana', foi muito legal. Fazer o dia parecer noite, apesar de parecer simples, é algo maravilhoso. Realizar esse curso com Mario Sales e Amanda Percut foi uma experiência super gostosa. Trabalhar com Mario é sempre ótimo! Nesse filme que dirigi, ele trabalhou como ator e a minha namorada ficou na direção de arte. Espero que a gente produza mais em breve.

(Jiddu Saldanha - Blogueiro)


Um comentário:

  1. Apoiar a cultura para fazer deste um país melhor para nós e os nossos filhos.

    Antonio Carlos Biancardine

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