sexta-feira, 7 de junho de 2013

Três cineastas poloneses:

Andrzej Wajda.

Danton, 1983. Direção - Andrzej Wajda
Nascido em 06 de março de 1926, na cidade de Suwaki, Polônia, foi o primeiro cineasta polonês de que ouvi falar, embora, até a década de 80 eu ainda não tivesse assistido nenhum de seus filmes. Lembro que meu primeiro professor de teatro, Mário Belino, comentara comigo, certa vez, algo a respeito do filme “Danton, o Processo da Revolução”, estrelado pelo ator francês Gerard Depardieu, que só acabei assistindo alguns anos depois, por volta de 1992, acredito. Não há dúvida que trata-se de um grande filme, a julgar pelo rendimento dramático dos atores, a fotografia em tons de terra e os planos detalhados de câmera, permeados por uma estupenda direção de arte. Foi por esta porta que entrei no universo do cinema polonês, vendo a posteriori, todo tipo de filme que caísse em minhas mãos, advindo daquele país.
Katyn, de 2007. Direção de Andrzj Wajda
No final da década de 80, na escola de teatro, em Curitiba, havia uma forte curiosidade sobre que tipo de cinema se fazia no mundo por trás da tão famosa “cortina de ferro”; os países controlados pelo regime comunista da extinta União Soviética nos países satélites, controlados pela mão de ferro de Leonid Brejnev. Até então, o único cinema que se tinha notícia com mais freqüência, vindo daquele “mundo diferente” eram os filmes dos famosos cineastas russos tais como Serguei Anizentain e Gregori Kozintsev e Andrei Tarkóvski, este último, mais moderno. Mas pouco ou quase nada se sabia do cinema polonês.
Recentemente, numa dessas noites em que se perde o sono, vi o filme “Katyn”, uma superprodução original e polonesa dirigida por Wajda, com atuação de um elenco monumental, um filme sem retoques, mantendo à risca o estilo inconfundível deste diretor. A fotografia terrosa, com tons escuros, fotografia inpecável, uma obra de arte, filmada no estilo clássico com todo o esplendor da linguagem cinematográfica, sem contar o roteiro perfeito com atuações sem nenhuma rebarba. Para quem vem do teatro, poder assistir um filme de Wajda é simplesmente magnífico, vale a pena.


Roman Polanski

Premiadíssimo, Ronam Polasnski
recebeu o oscar pelo filme "O Pianista",
masnão pode receber.
"O Pianista" premiadíssimo
e já nasceu
como obra prima.
O cineasta Franco-Polonês, Roman Polanski, curiosamente nasceu em Paris, em 1933 mas foi viver com seus pais na Polônia quando ainda tinha 2 anos de idade, em 1939, quando a Alemanha nazista invadiu aquele pais, Polanski ia completar 07 anos de idade e passou a viver as agruras da guerra tendo, inclusive, perdido sua mãe, num campo de concentração. Meu contato com seus filmes se deu quando eu ainda era aluno da faculdade de teatro, em Curitiba, e, claro, estreei vendo sua obra prima, “O Bebê de Rosemery”, filmes estupendo, praticamente perfeito e que até hoje arrasta
Maja Ostaszewka, musa do cinema
Polonês.
uma legião de fãs pelo mundo afora. Na década de 90 mergulhei mais a filme em sua obra e assisti o estranhíssimo e ao mesmo tempo magnífico “O Inquilino” em que ele também atua.

Embora mais antigo, o filme “A Dança dos Vampiros”, virou um clássico da sessão da tarde nos anos 80 e praticamente toda a minha geração viu este filme que se tornou muito comentado e se tornou bem popular. O filme, com tom de comédia, tem um roteiro impressionante e conta com a atuação, também de Polanski, no elenco. Nos anos 80, no auge da carreira de Harrisson Ford, Polanski o dirigiu no estonteante drama policial “Busca Frenética” de 1988 que ganhou as telonas do mundo todo, dando, definitiva popularidade a este cineasta de grande sucesso e autor de grandes polêmicas com a mídia mundial.
"A Dança dos Vampiros" virou um clássico da sessão da tarde.
Em 2002, Polasnki voltou a encantar o mundo com seu drama de guerra “O Pianista” em que faz uma leitura profunda do ocorrido no Gueto de Varsóvia, criando um filme arrasador, contra o autoritarismo e a barbárie, desta vez, a guerra na ponta dos dedos de um pianista sobrevivente ao holocausto e ajudado por um oficial nazista. Neste filme, curiosamente, a atriz Maja Ostaszewka que teve estupenda interpretação no filme “Katyn” de Wajda, reaparece numa cena dilacerante e curta, mas muito bem dirigida pelo mestre.
"O Bebê de Rosemery", de 1968, um dos filmes mais famosos da obra de
Roman Polanski..
O encantamento causado pela obra de Roman Polanski é sem precedentes, sua firmeza, sua riqueza de detalhes, a tonalidade de seus fotogramas e sobretudo a profundidade reflexiva de cada filme, faz dele um dos gingantes do cinema mundial.

Krzysztof Kieślowski


Nascido em Varsóvia, em 1941, este magnífico cineasta polonês permaneceu por muito tempo, desconhecido do ocidente e sua obra chegou aos cineclubes através do seu “decálogo”, uma série de 10 filmes inspirados nos 10 mandamentos, dos quais dois se destacaram e viraram longas-metragens: “Não Amarás” e “Não Matárás”, na faculdade de teatro, em Curitiba, onde estudei, ver um filme de Kieslowski até que não era tão difícil, pois a cidade tem a maior colônia de poloneses do mundo, fora da Polônia, com ótimos intelectuais, professores universitários, alguns até famosos destacando o poeta Paulo Leminski, que tinha orgulho de sua descendência Afro-polaca. Em Curitiba, é possível ver nas pedras da cidade, elementos profundos da colonização polonesa.


"Trilogia das Cores" - Três filmes inspirados na bandeira da França, tornaram
conhecidas do grande público atrizes como Juliette Binoche e Julie Delpy
"Não Amarás" tornou-se
um dos filmespreferidos dos
cine-clubes do final dos
anos 80.

Em meados dos anos 90, Kieslowski presenteou o mundo com a sua famosa “trilogia das cores”, uma série de três filmes inspirados nas cores da bandeira da frança: “A liberdade é azul, A Igualdade é Branca e A Fraternidade é Vermelha”, filmes encantadores que fortaleceram as carreiras de atrizes hoje famosas como Juliette Binoche e Julie Delpy. Assisti à trilogia das cores quando já vivia no Rio de Janeiro, para mim, Kieslowski junto com Tomáz Gutiérrez Alea, de Cuba, foram os dois cineastas que conquistaram meu coração e arrebataram minha subjetividade. Eles apontavam para “um olhar diferente”; um cinema autoral e independente que acabou por influenciar grande parte da filmografia pós anos 90.

Em 1996 o mundo comoveu-se ao saber da morte de Kieslowki, praticamente prematura, com apenas 54 anos de idade, ele partiu mas sua obra, hoje, permanece intacta e atual. Até ele hoje vive em nosso coração e, quem verdadeiramente ama o cinema, não deixará de lembrar deste cineasta e, os jovens, que estão ingressando nesta arte, é fundamental que conheçam seu magnífico trabalho.


FONTES: Este texto é autoral e foi escrito a partir de pesquisas na internet, especialmente Wikipedia. Todas as imagens são de domínio público.