Alex Levy Heller é diretor de TV, cinema e produtor cultural. Graduado em 2002 pela University of Nebraska, USA, com um BFA em Artes Dramáticas e Broadcasting.
Nos EUA trabalhou como produtor e diretor de TV na KYNE-TV, UPN, ESPN e CNN. No Brasil trabalhou na produção do filme "O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias" de Cao Hamburguer e mais recentemente como Diretor de Produção do Documentário "Dzi Croquettes" de Tatiana Issa e Raphael Alvarez, vencedor de 15 prêmios em festivais nacionais e internacionais. Além de filmes de curta-metragem, atualmente dirige o documentário "O Relógio do Meu Avô" sobre sobreviventes do Holocausto que vivem no Brasil e é Diretor Executivo e Idealizador do Brazil Film Festival na Austrália e Luxemburgo e do Circuito Brazil Visual de festivais de cinema brasileiro no exterior. NESTA ENTREVISTA
Alex fala de seu novo filme "O Relógio do Meu Avô", um documentário sobre como os sobreviventes do holocausto encontraram no Brasil uma nova pátria!
Jiddu Saldanha – O que te inspirou a buscar uma carreira artística? Você tinha exemplos na família? Foi um toque mágico, um desejo, fala sobre isso.
Alex Levy Heller - Quando tinha 12 anos de idade fiz uma peça de teatro da escola. Um jornalista do O GLOBO foi assistir e me entrevistou. Uma de suas perguntas era se eu seguiria carreira de ator, e eu respondi que não, “queria ser veterinário”. Cheguei a cursar Zootecnia na UFRRJ, mas o vírus do teatro me pegou. Larguei a Zootecnia e fui para os EUA estudar Artes Dramáticas. Desde pequeno estive envolvido com as artes. Minha avó é escritora, poeta e pintava quadros que meu avô vendia de porta em porta. Nos EUA fui ator (ainda sou, nenhum ator deixa de ser), diretor de TV (KYNE-TV, UPN, ESPN), e produtor cultural. Quando retornei ao Brasil, busquei oportunidades em cinema. Eu sabia que o cinema nacional estava crescendo. Resolvi embarcar nessa, e começar do zero. Minha primeira grande oportunidade foi com o diretor Cao Hambrguer no filme “O Ano em que Meus Pais Sairam de Férias” e em seguida com a Tatiana Issa e Raphael Alvarez no documentário “Dzi Croquettes”.
JS – Na tua opinião, ser diretor, ator, cineasta está a serviço de alguma missão específica? Neste caso, qual seria a tua missão?
ALH - Não dá para fazer arte por arte. Isso é enganação. Qualquer expressão artística deve carregar algum significado. Pode ser profundo, superficial, global, pessoal... mas deve dizer algo a quem aprecia, do contrário não faz sentido. Não sei se missão é a palavra certa, eu acredito que todo artista tem seu dever e espaço na sociedade. O dever deve ser cumprido e o espaço ocupado. Acredito nisso.
JS – Quais os filmes e diretores que te inspiraram e se tornaram referência para você, cite alguns.
HLH - Meus diretores favoritos são Akira Kurosawa e Werner Herzog. Alguns filmes referências são: “Aguirre e a Cólera dos Deuses” , “Nosferatu” (ambos do Herzog) e “Dersu Uzala” , “Sonhos” , “Ran”, “Kagemusha” (todos do Kurosawa). É claro, existem outros filmes que me inspiram, mas estes dois diretores são as minhas principais fontes.
JS - Um documentário sobre o holocausto, onde você encontrou coragem para tanto? O tema é complexo, profundo e toca fundo, não? HLH - No início era uma questão pessoal. Resgatar o relógio do meu avô perdido, escondido nas entranhas da Transilvania. Porém, durante as filmagens, ao entrevistar um sobrevivente de Auschwitz, percebi que o filme não poderia mais transitar apenas nesta esfera. O tema era muito mais abrangente. A história do Holocausto deveria ser contada para jamais ser esquecida. A busca pelo relógio do meu avô se tornou uma metáfora para o resgate de minhas origens, minha identidade judaica e brasileira. Corajosos são os sobreviventes que nas entrevistas encontraram forças para relembrar um passado sombrio e trágico e compartilhar tudo no filme.
JS - Quem você gostaria que visse o filme “O Relógio do meu Avô”? Existe preferência por algum tipo de público específico?
ALH - Gostaria que aqueles leigos e ignorantes que não conhecem a história do Holocausto assistissem ao filme. Desejo que grupos intolerantes e preconceituosos assistam ao filme. Quem sabe, eles mudam de idéia....
JS – Como você vê o cinema nacional atualmente? O que realmente mudou? Como você se vê neste novo contexto?
ALH - O cinema nacional continua sendo impulsionado por meios de leis de incentivo à cultura. A produção de filmes aumentou, e o público passou a procurar mais os filmes brasileiros. O desafio agora é em relação à distribuição e espaço em salas de cinema. Como Diretor Executivo do Brazil Film Festival – Austrália e Luxemburgo e do Circuito Brazil Visual de festivais de cinema brasileiro no exterior, minha função é criar mercado para as produções nacionais no mundo. O filme brasileiro apesar de ser bem apreciado no mundo, não consegue ocupar um espaço comercial e não chegam às salas de cinema como os filmes argentinos por exemplo. Aprendemos a fazer filmes de qualidade, agora temos que aprender a comercializá-los. Porém, enquanto continuarmos a depender das leis de incentivo, a indústria cinematográfica do Brasil não vai muito além. Filmes como “Nosso Lar” que não usufruiu de nenhuma lei de incentivo, são exemplos de que nem sempre é necessário o incentivo fiscal para ter retorno financeiro. Somente assim a indústria caminhará sozinha. Por enquanto ainda dependemos do governo e das leis de incentivo.
JS – Quem é Alex Heller por Alex Heller?
ALH - Ah! Isso eu não sei responder....
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