segunda-feira, 18 de maio de 2009

LUIS SIMPSON – CABO FRIO /RJ

Dentro da linguagem cinematográfica, Luis Simpsom confessa gostar de Direção de Fotografia. Morou nos EUA onde estudou, no Brasil concluiu a faculdade de cinema, viajou para a Angola, onde trabalhou em projetos de audiovisual.
Seus filmes primam por acabamento e excelência em cada detalhe. Vamos conhecer melhor, este Cabofriense que tem feito bonito pelo mundo a fora!



Luis Simpson no estúdio em Luanda - Angola


Cine Mosquito – Como foi que você se interessou pelo audiovisual?

Luis Simpsom - É difícil achar alguém que não goste de cinema. Eu sempre gostei de assistir filmes, documentários, propagandas, bem antes de pensar em trabalhar nessa área. Quando criança gostava de tirar fotos, principalmente de paisagens. Aos 18 após tentar vestibular sem sucesso para direito fui morar nos USA, lá tive a oportunidade de estudar fotografia e comprar alguns equipamentos, na volta para o Brasil fiz a faculdade de cinema onde desde o primeiro curta trabalhei como diretor de fotografia, nessa época tive então a certeza do que gostaria de fazer como profissão.

CM - O que você gosta de assistir? Quais os filmes e cineastas que te influenciaram?

LS - Gosto de quase tudo, desde os filmes americanos comerciais até os filmes “cabeças” franceses, depende de como estou me sentindo. Já passei por algumas fases. Durante a faculdade conheci os filmes clássicos e importantes diretores como Orson Welles, Kiarostami, Godard e Truffautt. É incrível o que os caras fizeram numa época sem muitos recursos, sem contar os tipos de linguagem cinematográfica criadas por cada um deles. Hoje em dia dizem que nada mais se cria no cinema, tudo se copia. Uma união de coisas que já foram feitas por alguém, provavelmente por um dos muitos diretores geniais que tivemos ao longo da história. Cada filme, visto e estudado é uma influencia em algum momento na vida, mas acho que a maior influencia que tive foi dos diretores brasileiros como Walter Salles e Fernando Merelles, principalmente pela importância que eles tiveram no renascimento do cinema brasileiro.

CM – A linguagem cinematográfica é cheia de atrativos, desde a direção de arte, fotografia, cenografia, câmera, etc... o que você mais gosta de fazer, relacionado à criação de um novo filme?

LS - Acaba que tudo se interliga em algum momento. O segredo é a Direção, Direção de Fotografia e Arte estarem sempre em sintonia. Gosto de fazer a fotografia por diversos motivos. Nela é discutida desde o “tom” do filme até a movimentação dos atores (misen scene), movimento de câmera, cortes, planos seqüências, é tudo uma questão de linguagem que tem que ser bem definida. Uma história pode ser contada de diversas maneiras e geralmente é o diretor e o fotógrafo que decidem isso. Acho que eu como fotógrafo tenho a função de tornar possível (tecnicamente) todas as “viagens” do diretor e roteirista, mas também sugerir coisas que podem facilitar a filmagem ou acrescentar em algo na cena. Gosto de trabalhar com diretores que são abertos a sugestões, que interagem com a equipe, geralmente o filme ganha muito com esse tipo de atitude.

CM – Fale um pouco dos filmes que você participou, qual deles você gostaria de destacar aqui e porque?

LS - Cada trabalho que fiz tem um pouco de mim, isso é, gosto de todos, mesmo os mais simples, por que sei das dificuldades que tive ao faze-los. É sempre muito trabalhoso! Requer uma entrega total até que a obra seja finalizada, deixando de ser sua, ganhando vida própria. Tive o prazer de fazer trabalhos de linguagens bem distintas como foto filme, stop motion, mas se perguntar para 10 cineastas o formato que mais gostam de trabalhar, os 10 vão dizer que nada se compara ao som da película rodando. Os 24 frames por segundo registrando o momento que geralmente é bem ensaiado, falhas representam grande prejuízo. Sendo assim, o filme “Hera” meu primeiro curta 35 mm é o que considero mais importante. Pudemos explorar o que a arte pode oferecer ao extremo, sem realismo. Esse filme foi bem nos festivais abrindo de certa maneira uma porta importante para mim no mercado. Destaco também um trabalho que fiz em Portugal. Uma mini série sobre os Templários. Pude contar com equipamentos HD de ponta que proporcionaram lindas imagens, quase todas feitas em locações incríveis. Filmamos muito em castelos, igrejas romanas, florestas e casas antigas. Foram cinco meses de muito trabalho, as vezes 24 horas sem parar, mas no final tudo sempre vale a pena.


Em portugal, trabalho meticuloso, utilizando equipamento digital de última geração, numa mini-série sobre os templários.

CM – Você trabalhou numa grande emissora de TV depois foi trabalhar na áfrica, que tipo de perspectiva você vê dentro da arte cinematográfica em relação ao Brasil e Angola, por exemplo?

LS - Estamos muito avançados em relação a quase todo o mundo. Os brasileiros se destacam em todos os lugares que vão. Acho que porque trabalhamos muito aqui. Sem hora para acabar. vamos nos especializando em cada função. Não é assim em todos os lugares. Em angola tem muito português fazendo novelas e tv, mas eles não sabem a metade do que os brasileiros sabem ( Mais a questão do “felling”). Em fim, vejo um mercado em angola e áfrica em geral muito promissor. Hoje em dia, além da internet, temos vôos diários para lá. O intercambio de idéias e profissionais está cada vez maior. Conheci muitas pessoas e histórias quando morava lá. Escrevi alguns roteiros e pesquisei outros tantos fatos que gostaria de documentar. 30 anos de guerra é algo que não se apaga facilmente. Pelo contrário. É importante registrar, seja como ficção ou documentário esse passado recente. Fora o passado antigo que é muito rico também. Minha preocupação também é retratar as coisas bonitas que eles tem para mostrar, mesmo diante de tanto sofrimento que o povo africano sofreu e continua sofrendo. Nós brasileiros devemos muito a eles nesse sentido. Saber festejar mesmo diante de tanta corrupção e violência. Onde já se viu um povo ferrado, cheio de dívidas ter uma cultura tão bonita, tantas festas e carnavais. O cinema brasileiro, assim como o africano tem muito futuro se souber beber dessa água cultural rica que brota nesses dois continentes.


Realizado em película, Hera, de Gustavo Beck, é um filme brasileiro onde
Luis Simpson, confessa ter sido uma de suas melhores experiências

CM – Quais são os filmes e autores que te encantaram dentro da sétima arte e que você gostaria de recomendar aos leitores do blog CINE MOSQUITO?

LS - Os filmes iranianos e indianos me surpreenderam muito, mas são tantos os títulos e autores de vários países que acaba indo mais para um lado pessoal. Cada um gosta de um estilo em particular. Sugiro ver tudo o que é possível. O que estiver ao alcance, pois mesmo aquele filme desconhecido e dito como chato por alguns pode te passar uma mensagem legal. Tenho amigos que assistem 3, 4 filmes por dia, se pudesse faria o mesmo.

CM – Quem é Luis Simpson por Luis Simpson?

LS - Hahaha, essa é a mais difícil de responder, até por que eu ainda estou descobrindo isso. O que sei é que não estamos aqui por acaso. Cada um tem uma missão nessa breve vida aqui na terra. Eu sempre me interessei pelos temas ambientais, tive isso muito forte em casa com a minha mãe. Recentemente tenho alguns projetos de documentários nessa área que espero poder ajudar nessa luta desleal na qual estamos vivendo contra os próprios humanos que ainda não acordaram para essa causa.