sábado, 7 de setembro de 2013

Desconstrução, um filme de Renata Prado.

Imagem do set do filme "Desconstrução" de Renata Prado.
Não há dúvida de que a direção de Renata Prado, no filme “Desconstrução” está enxuta e com uma objetividade para poucos. Um curta metragem que consegue transmitir tanta informação, tem exatamente aí sua força mas também sua fraqueza. Talvez desconstrução seja um longa-metragem disfarçado de curta, dito isto, é importante ressaltar a impressionante carga artística do filme, que começa na dinâmica fotografia criada por Paulo Mainhard e desemboca numa profusão de cores, luzes e texturas proposto pela equipe de direção de arte que, não bastasse isso, ainda flerta com um trabalho de xilogravura, da artista plástica Rosa Antunes.
O filme é um panfleto artístico, pretexto para brilhar uma série de personagens da arte de criação, nele você vê Direção de Arte, Maquiagem, Animação Gráfica e por aí vai. É um filme que imprime um execício de referências com toques de surrealismo beirando à ficção científica, recheado de pós-modernidade e ritmo alucinante, mantendo um diálogo direto com o expectador, que, por 10 minutos, não consegue desgrudar da poltrona.
O Filme desconstrução, por incrível que pareça e, apesar de sua pegada-cult, consegue dialogar com o público justamente por ter em sua essência uma série de signos e referências que tocam na identidade universal, principalmente dos jovens. O ritmo de festa rave, a luz quase estroboscópica que muda de acordo com cada take, imprimindo um estranho ambiente onde sujeira, poesia, sadismo, violência e terror, são parceiros numa composição que remete o expectador a uma espécie de “inferno da alma” do personagem central, o artista visual Phil Fargnoli.
O trabalho do elenco, mostra um grupo de atores sem ego, a serviço do roteiro e da parafernália visual, são rostos urbanos, impactantes, mestiços que dão ao filme um riquíssimo tom "terceiromundista", a percepção do roteiro em marcar visualmente um tipo de ator “Artaudiano”, cruel, que comunica no primeiro segundo e depois, apenas administra sua energia para deleite do expectador.
Temos em “Desconstrução” um filme deliciosamente “in - perfeito”, que traz a marca de um timaço de artistas criadores, na elaboração de uma arte radical, a partir de um Storyboard alucinante, buscando acima de tudo, um discurso próprio com uma leitura pessoal do mundo, sem perder contato com o expectador. Da trilha sonora até as sequências, da montagem à direção de arte, do Storyboard à maquiagem, tudo conspirou para um resultado eletrizante. No festival de cinema de Cabo Frio, quem esteve presente, fez ótimos comentários e saudou o filme de forma bem positiva.

VEJA O MAKING OFF: 




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