domingo, 4 de janeiro de 2009

ENTREVISTA CURTA COM LUIZ FERNANDO PRÔA - RIO / RJ

Além de ótimo poeta ele é também um incentivador do audiovisual como forma de fazer veicular a poesia. Vamos conhecê-lo melhor nesta ENTREVISTA CURTA!




Cine Mosquito - O que é para você cinema?

Luiz Fernando Prôa - É quando o autor nos faz mergulhar em suas imagens e navegar em emoção em sua arte. Cinema de verdade é ser seqüestrado do momento comum e ser conduzido a um instante mágico, onde sentimos um beijo na face ou às vezes até um tapa que arde, mas que remexe nosso interior, nos leva ao prazer de sensações ou à reflexões profundas. Quando se consegue isto, vemos que realmente o cineasta atingiu o que chamamos de magia do cinema.
O melhor cinema que há é o que está no olhar de um bom poeta, em sua busca por imagens poéticas carregadas de palavras e contexto do que quer exprimir. Que lhe dê singularidade, seja para causar impacto, explorar o belo ou fazer refletir. Mas que se comunique e toque os sentidos do outro.

CM - Como foi que você se interessou pelo áudio-visual?

LFP - Minha geração cresceu bebendo do áudio-visual. Para mim é como se fosse algo inerente à vida, como beber, comer, dormir. É como uma necessidade básica. Já para a nova geração, com tevê de plasma, vídeo-game, internet, you tubes, deve se tornar, ou já se tornou, um sexto-sentido.

CM - A proposta de juntar o áudio-visual com a poesia já era um desejo ou aconteceu naturalmente?

LFP - Aconteceu de forma natural. Há nove anos que divulgo poesia e arte pela internet. Fui um dos primeiros a juntar fotografia aos textos em poesia na rede, numa época em que poucos fotografavam e tinham um scanner ao lado. Com a tecnologia das câmeras que fotografam e filmam, pude ampliar os registros que já fazia e dar vida e movimento aos poetas. Como fala o diretor Tavinho Paes, o caminho da poesia é este, o áudio-visual. Ler um poema num livro é uma coisa, mas ver o poema em ação, com voz e imagens, é realmente popularizar e valorizar esta arte.

CM - Você é o criador do Alma de Poeta?

LFP - Sim, sou o criador e editor do site Alma de Poeta (www.almadepoeta.com). Como disse, há nove anos produzindo conteúdo para disponibilizá-lo aos internautas ligados em cultura. Começamos por textos e imagens fixas, produzimos ano passado o cd Poesia de Boca, com a voz de poetas deste início de milênio e depois partimos para os registros em vídeo. Sempre buscando o que há de mais recente na produção cultural off-mídia, com ênfase nos poetas. Com isto adquirimos respeito no meio e somos considerados, por muitos, o melhor site de poesia contemporânea em língua portuguesa.

CM - Fale um pouco dos seus filmes preferidos. O que você gosta de assistir? Quais filmes lhe influenciaram?

LFP - Foram tantos que fica difícil citá-los. Então prefiro me fixar no que mais me atrai no momento, o cinema brasileiro. A produção recente é extremamente rica e vai crescer e se diversificar mais ainda. Não tenho dúvida! Vou citar alguns que vi nos últimos meses, aos quais aplaudo. Romance, o mais recente assistido, por exemplo, é perfeito, fotografia, montagem, elenco, argumento e diálogos, humor e intensidade na medida certa. Outros que adorei: Sem Controle, Saneamento Básico, Signo da Cidade, O Cheiro do Ralo, 174 (inclusive o documentário, excelente), Via Láctea, Bodas de Papel, Chega de Saudade, Ô Pai ó(?), Era uma Vez, Show de Bola, Linha de Passe...
Os de fora, recentes, que vi e gostei, Elisabeth, A Outra, Sombras de Goya, Ponto de Vista, Awake. História, ficção científica, suspense e documentários também me atraem muito.

CM - O que você acha que pode melhorar no panorama do cinema brasileiro?

LFP - O cinema brasileiro está bombando. O que falta agora é maior atenção dos patrocinadores aos novos talentos que estão surgindo e se mostrando através de curtas, principalmente no You Tube, em concursos e festivais.

CM - Quem é Luiz Fernando Prôa, por Luiz Fernando Prôa?

LFP - Bem, sou uma mistura de coisas, como os artistas de hoje buscam e devem ser. Fotógrafo, vídeo-maker, poeta, escritor e editor, que busca sua expressão através destas vertentes. Como poeta lanço-me na síntese e na simplicidade. Como escritor - minha real face -, transmitir de forma agradável tudo o que meus sentidos captaram até hoje. Como editor, mostrar a face rica da cultura nacional emergente, os talentos do que chamo de subterrâneo, aos quais a grande mídia não se preocupa. Como vídeo-maker e fotógrafo, registrar o momento presente. Em cinema, aprender o máximo possível com as feras do pedaço, para chegar ao que considero cinema, arte. Minhas duas experiências com curtas, em Anu - Antropoesia e A Poesia é uma Lady, senti o gostinho da coisa e quero mais.

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