Andrzej Wajda.
Danton, 1983. Direção - Andrzej Wajda |
Nascido
em 06 de março de 1926, na cidade de Suwaki, Polônia, foi o primeiro cineasta
polonês de que ouvi falar, embora, até a década de 80 eu ainda não tivesse
assistido nenhum de seus filmes. Lembro que meu primeiro professor de teatro,
Mário Belino, comentara comigo, certa vez, algo a respeito do filme “Danton, o
Processo da Revolução”, estrelado pelo ator francês Gerard Depardieu, que só
acabei assistindo alguns anos depois, por volta de 1992, acredito. Não há
dúvida que trata-se de um grande filme, a julgar pelo rendimento dramático dos
atores, a fotografia em tons de terra e os planos detalhados de câmera,
permeados por uma estupenda direção de arte. Foi por esta porta que entrei no
universo do cinema polonês, vendo a posteriori, todo tipo de filme que caísse
em minhas mãos, advindo daquele país.
Katyn, de 2007. Direção de Andrzj Wajda |
No final da década de 80, na
escola de teatro, em Curitiba, havia uma forte curiosidade sobre que tipo de
cinema se fazia no mundo por trás da tão famosa “cortina de ferro”; os países
controlados pelo regime comunista da extinta União Soviética nos países
satélites, controlados pela mão de ferro de Leonid Brejnev. Até então, o único
cinema que se tinha notícia com mais freqüência, vindo daquele “mundo diferente”
eram os filmes dos famosos cineastas russos tais como Serguei
Anizentain e Gregori Kozintsev e Andrei Tarkóvski, este último, mais moderno. Mas
pouco ou quase nada se sabia do cinema polonês.
Recentemente,
numa dessas noites em que se perde o sono, vi o filme “Katyn”, uma superprodução
original e polonesa dirigida por Wajda, com atuação de um elenco monumental, um
filme sem retoques, mantendo à risca o estilo inconfundível deste diretor. A
fotografia terrosa, com tons escuros, fotografia inpecável, uma obra de arte,
filmada no estilo clássico com todo o esplendor da linguagem cinematográfica, sem
contar o roteiro perfeito com atuações sem nenhuma rebarba. Para quem vem do
teatro, poder assistir um filme de Wajda é simplesmente magnífico, vale a pena.
Roman Polanski
Premiadíssimo, Ronam Polasnski recebeu o oscar pelo filme "O Pianista", masnão pode receber. |
"O Pianista" premiadíssimo e já nasceu como obra prima. |
O cineasta Franco-Polonês, Roman
Polanski, curiosamente nasceu em Paris, em 1933 mas foi viver com seus pais na
Polônia quando ainda tinha 2 anos de idade, em 1939, quando a Alemanha nazista
invadiu aquele pais, Polanski ia completar 07 anos de idade e passou a viver as
agruras da guerra tendo, inclusive, perdido sua mãe, num campo de concentração.
Meu contato com seus filmes se deu quando eu ainda era aluno da faculdade de
teatro, em Curitiba, e, claro, estreei vendo sua obra prima, “O Bebê de
Rosemery”, filmes estupendo, praticamente perfeito e que até hoje arrasta
Maja Ostaszewka, musa do cinema Polonês. |
uma
legião de fãs pelo mundo afora. Na década de 90 mergulhei mais a filme em sua
obra e assisti o estranhíssimo e ao mesmo tempo magnífico “O Inquilino” em que ele
também atua.
Embora mais antigo, o filme “A
Dança dos Vampiros”, virou um clássico da sessão da tarde nos anos 80 e
praticamente toda a minha geração viu este filme que se tornou muito comentado
e se tornou bem popular. O filme, com tom de comédia, tem um roteiro
impressionante e conta com a atuação, também de Polanski, no elenco. Nos anos
80, no auge da carreira de Harrisson Ford, Polanski o dirigiu no estonteante
drama policial “Busca Frenética” de 1988 que ganhou as telonas do mundo todo,
dando, definitiva popularidade a este cineasta de grande sucesso e autor de
grandes polêmicas com a mídia mundial.
"A Dança dos Vampiros" virou um clássico da sessão da tarde. |
Em 2002, Polasnki voltou a
encantar o mundo com seu drama de guerra “O Pianista” em que faz uma leitura
profunda do ocorrido no Gueto de Varsóvia, criando um filme arrasador, contra o
autoritarismo e a barbárie, desta vez, a guerra na ponta dos dedos de um
pianista sobrevivente ao holocausto e ajudado por um oficial nazista. Neste
filme, curiosamente, a atriz Maja Ostaszewka que teve estupenda interpretação no filme “Katyn” de
Wajda, reaparece numa cena dilacerante e curta, mas muito bem dirigida pelo
mestre.
"O Bebê de Rosemery", de 1968, um dos filmes mais famosos da obra de Roman Polanski.. |
O encantamento causado
pela obra de Roman Polanski é sem precedentes, sua firmeza, sua riqueza de
detalhes, a tonalidade de seus fotogramas e sobretudo a profundidade reflexiva
de cada filme, faz dele um dos gingantes do cinema mundial.
Krzysztof Kieślowski
Nascido em
Varsóvia, em 1941, este magnífico cineasta polonês permaneceu por muito tempo,
desconhecido do ocidente e sua obra chegou aos cineclubes através do seu “decálogo”,
uma série de 10 filmes inspirados nos 10 mandamentos, dos quais dois se
destacaram e viraram longas-metragens: “Não Amarás” e “Não Matárás”, na faculdade
de teatro, em Curitiba, onde estudei, ver um filme de Kieslowski até que não
era tão difícil, pois a cidade tem a maior colônia de poloneses do mundo, fora
da Polônia, com ótimos intelectuais, professores universitários, alguns até
famosos destacando o poeta Paulo Leminski, que tinha orgulho de sua
descendência Afro-polaca. Em Curitiba, é possível ver nas pedras da cidade, elementos profundos da colonização polonesa.
"Trilogia das Cores" - Três filmes inspirados na bandeira da França, tornaram conhecidas do grande público atrizes como Juliette Binoche e Julie Delpy |
"Não Amarás" tornou-se um dos filmespreferidos dos cine-clubes do final dos anos 80. |
Em meados dos
anos 90, Kieslowski presenteou o mundo com a sua famosa “trilogia das cores”,
uma série de três filmes inspirados nas cores da bandeira da frança: “A liberdade é azul, A Igualdade é
Branca e A Fraternidade é Vermelha”, filmes encantadores que fortaleceram as
carreiras de atrizes hoje famosas como Juliette Binoche e Julie Delpy. Assisti
à trilogia das cores quando já vivia no Rio de Janeiro, para mim, Kieslowski
junto com Tomáz Gutiérrez Alea, de Cuba, foram os dois cineastas que conquistaram
meu coração e arrebataram minha subjetividade. Eles apontavam para “um olhar
diferente”; um cinema autoral e independente que acabou por influenciar grande
parte da filmografia pós anos 90.
Em 1996 o
mundo comoveu-se ao saber da morte de Kieslowki, praticamente prematura, com apenas
54 anos de idade, ele partiu mas sua obra, hoje, permanece intacta e atual. Até
ele hoje vive em nosso coração e, quem verdadeiramente ama o cinema, não
deixará de lembrar deste cineasta e, os jovens, que estão ingressando nesta
arte, é fundamental que conheçam seu magnífico trabalho.
FONTES: Este texto é autoral e foi escrito a partir de pesquisas na internet, especialmente Wikipedia. Todas as imagens são de domínio público.
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