sexta-feira, 29 de julho de 2011

Improvisando com Mano Melo.

Porque ele está entre os grandes declamadores de poesia do Brasil de todos os tempos? Não nos pergunte, veja! Mano Melo é reconhecidamente um show man, mais que isso, um artista irretocável que arrebata legiões de fãs é imitado por muitos poetas. Nele imitamos tudo, desde seu jeito cearense-carioca de destilar a oralidade até a sua musicalidade no texto escrito. Pedro Bial reconheceu, em entrevista para o Jô Soares quando falava do grupo VER O VERSO que o grande Show Man do grupo era Mano Melo, todos ficavam esperando a hora de vê-lo entrar em cena.
Mano Melo, fãs pelo Brasil a fora.
O Cine Mosquito não podia deixar de fazer alusão a este metre, reconhecendo sua presença no cenário brasileiro e mundial da poesia falada e escrita. Tanto que fizemos com ele um pequeno improviso onde ele fala de pessoas e questões que o mobiliza, nós jogamos o nome, a palavra a idéia e ele atenciosamente fez o comentário. Aqui vai
IMPROVISOS COM MANO MELO


Torquato Neto

“Um dos grandes  poetas da minha geração. Não agüentou a barra e matou-se muito jovem. Um dos poetas que mais amo,fiquei com raiva dele haver se matado,  tenho uma certa antipatia por suicidas, nada é mais precioso que a vida em si”.



Claufe Rodrigues

“Um grande poeta e um grande amigo, pessoa muito especial. Um dos mais importantes poetas brasileiros contemporâneos, escritor visceral, de rara sensibilidade. De todos os poetas que conheço, o mais centrado e eficiente nessas coisas de produção. Um realizador. Foi sempre a alma do Ver o Verso, a razão de ser do sucesso do grupo. Não fosse sua competência e dedicação, o grupo nem teria existido”.



Clarice Lispector

“Uma vez, quando ainda um jovem poeta, antes das grandes viagens, estava preparando uma edição em mimeógrafo de meu primeiro livro, O Evangelho de Jimi Rango. Interpretei este poema num evento do Teatro Jovem, que existia ali na Praia de Botafogo. Uma mulher veio me perguntar se eu tinha o poema editado, pois havia gostado muito. Eu disse que estava preparando a edição e ela me deu o telefone, para quando o livro ficasse pronto a procurasse porque queria comprar um exemplar. Quando a edição ficou pronta, cem cópias em mimeógrafo, com ilustrações do grande artista plástico José Paixão, de saudosa memória, telefonei pra ela,  que me recebeu em sua casa, no Leme, numa agradável e luminosa tarde de verão. Ela me recebeu em sua biblioteca, eu era um jovem poeta de 20 anos, super empolgado por haver realizado meu primeiro livro e nas vésperas de viver a grande aventura de largar tudo e ir pra Índia, Falei pelos cotovelos, recitei poemas e ela foi só paciência e generosidade. Era uma mulher muito bonita, com uns olhos inesquecíveis, que pareciam olhar pra dentro e pra fora, sacando tudo ao redor, impressionante. Esta mulher era a Clarice Lispector. Tenho muito orgulho de ter meu livro em suas estantes. Ela disse que adorou meus poemas. E se uma pessoa como Clarice Lispector diz isso a um jovem poeta na casa dos 20 anos, não dava pra não acreditar. Nunca mais parei. Tenho orgulho de estar contando esta história aqui, aos 66 anos de idade”.



Rimbaud

“Um dos ídolos de minha juventude que persiste. Inovador, levou a poesia ao seu grau mais elevado. Tive muita identificação com ele, por ser também um estradeiro, alguém que largou tudo para encarar a estrada. Eu tive mais sorte, por que sobrevivi. Ele morreu cedo, abandonou a poesia ou a poesia o abandonou. Talvez por que aos 20 anos já havia dito tudo, não tinha mais a necessidade de escrever, sua alma estava muito longe. Impossível falar de poesia contemporânea sem o reconhecer, um revolucionário, o mais importante poeta de sua época. Enquanto houver poesia no mundo, sua obra estará em primeiro plano”.





Stálin 

"Um filho da puta!"





Juscelino Kubitschek

“Construiu a base para o Brasil que conhecemos hoje. Namorador, dançarino, sorridente, pelo menos até sua derrocada política. Para mim, ninguém me convence que aquele acidente na estrada foi acidente mesmo. Responsável pela industrialização do pais, antes de Juscelino isto aqui era uma grande fazenda, um feudo de poucos. Pecou por não construir estradas de ferro, por se deixar dominar pela indústria automobilística, por deixar os transportes dependentes apenas de estradas, por abrir demais para o capital estrangeiro e a especulação. Construiu Brasília, era um visionário, um obstinado. Deixou uma grande dívida externa e as origens da hiperinflação que por muito tempo corroeu a economia”.



Cisca

“A pessoa mais importante na minha vida, a mãe de minha filha. Durante os quase 25 anos em que vivemos juntos, nunca houve projeto meu que não tivesse seu apoio. Minha grande companheira, a mulher que mais amei na vida e a que mais me amou. Sinto muita falta dela”.




Samaral

“Poeta, agitador cultural de primeira extirpe, um dos grandes da poesia carioca em seu tempo, hoje injustamente pouco lembrado. Quando bebia, ficava meio chato”.




Cego Aderaldo

“Não conheço muito a obra dele. Conheço mais a poesia de Patativa do Assaré e Leandro Gomes de Barros, estes grandes mestres. Quando criança, passando férias na fazenda de meu avô, no sertão do Ceará, ouvi muito os repentistas, meus versos guardam resquícios destes contatos, a oralidade, a linguagem sem muitos rebuscamentos, buscando expressar as idéias de forma clara, sem intelectualismos desnecessários, buscando contar histórias, divertir, emocionar e informar”.


MANO MELO POR MANO MELO
"Um cara legal. Que gosta de seus amigos, que sempre buscou conjugar o verbo Amar, que não guarda ressentimentos de nada nem de ninguém, honesto, ético, um sujeito que adora viver e de bem com a vida. Um cara perseverante, dedicado ao que acredita. De grande fé, que fez da poesia sua principal razão de estar no mundo.

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