domingo, 31 de julho de 2011

Vivência e harmonia no 28º Cine Mosquito.

Mais uma noite especial com bons filmes na tela e muito diálogo entre um filme e outro, de forma espontânea. O Cine Mosquito, mais uma vez, afirmou seu estilo de cineclubismo. Com comida e vinho trazida pelos participantes. O espaço do grupo Creche na Coxia, de portas e coração aberto mostrou combinar com a forma de aproximação que buscamos com pessoas através do audiovisual.
Os bate papos giraram em torno dos filmes apresentados e com destaque para o cinema indígena. Em torno dos filmes   Xuparyanãg Israel Maxacali, do projeto Pajé Filmes - Belo Horizonte - MG e o filme "Vamos a Luta" de Divino Tserewahú, do projeto Vídeo nas Aldeias - Olinda PE. Conhecendo mais sobre a realidade indígena, praticamente estamos redescobrindo o Brasil através desses filmes contemporâneos que mostram a retomada, a luta e a afirmação dos povos indígenas. QUEREMOS MAIS!
O Filme "Efígie" de Carlos Alberto Bizogno, da cidade de Campos dos Goytacazes, foi o filme brasileiro da noite. Fez bonito, prendeu o fôlego e fez o público mergulhar no mar da sensibilidade e tensão proposto pela bela obra do cineasta campista.
A Noite chegou ao auge com a sequência de 5 curtas-minutos de animação cubanos e o já clássico e inesquecível Model Town, de Laímir Fano, o comovente filme sobre nostalgia e chocolate, um dos campeões de  exibição do projeto Cinema Possível.
Teremos mais!

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Improvisando com Mano Melo.

Porque ele está entre os grandes declamadores de poesia do Brasil de todos os tempos? Não nos pergunte, veja! Mano Melo é reconhecidamente um show man, mais que isso, um artista irretocável que arrebata legiões de fãs é imitado por muitos poetas. Nele imitamos tudo, desde seu jeito cearense-carioca de destilar a oralidade até a sua musicalidade no texto escrito. Pedro Bial reconheceu, em entrevista para o Jô Soares quando falava do grupo VER O VERSO que o grande Show Man do grupo era Mano Melo, todos ficavam esperando a hora de vê-lo entrar em cena.
Mano Melo, fãs pelo Brasil a fora.
O Cine Mosquito não podia deixar de fazer alusão a este metre, reconhecendo sua presença no cenário brasileiro e mundial da poesia falada e escrita. Tanto que fizemos com ele um pequeno improviso onde ele fala de pessoas e questões que o mobiliza, nós jogamos o nome, a palavra a idéia e ele atenciosamente fez o comentário. Aqui vai
IMPROVISOS COM MANO MELO


Torquato Neto

“Um dos grandes  poetas da minha geração. Não agüentou a barra e matou-se muito jovem. Um dos poetas que mais amo,fiquei com raiva dele haver se matado,  tenho uma certa antipatia por suicidas, nada é mais precioso que a vida em si”.



Claufe Rodrigues

“Um grande poeta e um grande amigo, pessoa muito especial. Um dos mais importantes poetas brasileiros contemporâneos, escritor visceral, de rara sensibilidade. De todos os poetas que conheço, o mais centrado e eficiente nessas coisas de produção. Um realizador. Foi sempre a alma do Ver o Verso, a razão de ser do sucesso do grupo. Não fosse sua competência e dedicação, o grupo nem teria existido”.



Clarice Lispector

“Uma vez, quando ainda um jovem poeta, antes das grandes viagens, estava preparando uma edição em mimeógrafo de meu primeiro livro, O Evangelho de Jimi Rango. Interpretei este poema num evento do Teatro Jovem, que existia ali na Praia de Botafogo. Uma mulher veio me perguntar se eu tinha o poema editado, pois havia gostado muito. Eu disse que estava preparando a edição e ela me deu o telefone, para quando o livro ficasse pronto a procurasse porque queria comprar um exemplar. Quando a edição ficou pronta, cem cópias em mimeógrafo, com ilustrações do grande artista plástico José Paixão, de saudosa memória, telefonei pra ela,  que me recebeu em sua casa, no Leme, numa agradável e luminosa tarde de verão. Ela me recebeu em sua biblioteca, eu era um jovem poeta de 20 anos, super empolgado por haver realizado meu primeiro livro e nas vésperas de viver a grande aventura de largar tudo e ir pra Índia, Falei pelos cotovelos, recitei poemas e ela foi só paciência e generosidade. Era uma mulher muito bonita, com uns olhos inesquecíveis, que pareciam olhar pra dentro e pra fora, sacando tudo ao redor, impressionante. Esta mulher era a Clarice Lispector. Tenho muito orgulho de ter meu livro em suas estantes. Ela disse que adorou meus poemas. E se uma pessoa como Clarice Lispector diz isso a um jovem poeta na casa dos 20 anos, não dava pra não acreditar. Nunca mais parei. Tenho orgulho de estar contando esta história aqui, aos 66 anos de idade”.



Rimbaud

“Um dos ídolos de minha juventude que persiste. Inovador, levou a poesia ao seu grau mais elevado. Tive muita identificação com ele, por ser também um estradeiro, alguém que largou tudo para encarar a estrada. Eu tive mais sorte, por que sobrevivi. Ele morreu cedo, abandonou a poesia ou a poesia o abandonou. Talvez por que aos 20 anos já havia dito tudo, não tinha mais a necessidade de escrever, sua alma estava muito longe. Impossível falar de poesia contemporânea sem o reconhecer, um revolucionário, o mais importante poeta de sua época. Enquanto houver poesia no mundo, sua obra estará em primeiro plano”.





Stálin 

"Um filho da puta!"





Juscelino Kubitschek

“Construiu a base para o Brasil que conhecemos hoje. Namorador, dançarino, sorridente, pelo menos até sua derrocada política. Para mim, ninguém me convence que aquele acidente na estrada foi acidente mesmo. Responsável pela industrialização do pais, antes de Juscelino isto aqui era uma grande fazenda, um feudo de poucos. Pecou por não construir estradas de ferro, por se deixar dominar pela indústria automobilística, por deixar os transportes dependentes apenas de estradas, por abrir demais para o capital estrangeiro e a especulação. Construiu Brasília, era um visionário, um obstinado. Deixou uma grande dívida externa e as origens da hiperinflação que por muito tempo corroeu a economia”.



Cisca

“A pessoa mais importante na minha vida, a mãe de minha filha. Durante os quase 25 anos em que vivemos juntos, nunca houve projeto meu que não tivesse seu apoio. Minha grande companheira, a mulher que mais amei na vida e a que mais me amou. Sinto muita falta dela”.




Samaral

“Poeta, agitador cultural de primeira extirpe, um dos grandes da poesia carioca em seu tempo, hoje injustamente pouco lembrado. Quando bebia, ficava meio chato”.




Cego Aderaldo

“Não conheço muito a obra dele. Conheço mais a poesia de Patativa do Assaré e Leandro Gomes de Barros, estes grandes mestres. Quando criança, passando férias na fazenda de meu avô, no sertão do Ceará, ouvi muito os repentistas, meus versos guardam resquícios destes contatos, a oralidade, a linguagem sem muitos rebuscamentos, buscando expressar as idéias de forma clara, sem intelectualismos desnecessários, buscando contar histórias, divertir, emocionar e informar”.


MANO MELO POR MANO MELO
"Um cara legal. Que gosta de seus amigos, que sempre buscou conjugar o verbo Amar, que não guarda ressentimentos de nada nem de ninguém, honesto, ético, um sujeito que adora viver e de bem com a vida. Um cara perseverante, dedicado ao que acredita. De grande fé, que fez da poesia sua principal razão de estar no mundo.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

28º CINE MOSQUITO - NO CRIA

CRIA (Casa D Criação Creche na Coxia) lugar ímpar, lindo e consagrado à criação artística, vai abrigar o 28º Cine Mosquito. Vamos vivenciar um pouco do Cinema Cubano, Indígena e Brasileiro, curtas que vão dar o que falar. Um bate papo regado a mímica de filme, contação de filme e um cine-banquete para encerrar a programação, não perca!



28º CINE MOSQUITO

  • Bate papo sobre Cinema Alternativo nos dias de hoje
  • Contação de Filmes
  • Mímica de Filme
  • Cine Banquete – Traga sua pipoca. (Pedimos para os participantes trazerem bebida e comida para compartilhar numa mesa coletiva e cinematográfica).
                                                                                                  
FILMES SELECIONADOS

Curadoria de Jiddu Saldanha e Bárbara Morais

Efígie
Direção: Carlos Alberto Bizogno
Duração: 18 minutos

Xuparyanãg
Direção: Israel Maxacali
Duração: 15 Minutos

Model Town  (Cuba)
Direção: Laímir Fano
Duração: 14 min.

5 filmes minutos de Animação (Cuba)
Fazendo paródia do Cinema Estadunidense
Direção: Jesus Rubio / Omar Proenza
Duração: 5 min.

Meruntî Kupaîkon Man – (XAVANTE)
(Vamos à Luta) – Um filme do projeto Vídeo nas Aldeias.
Direção: Divino Tserewahú
Duração: 18 minutos

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Entrevista Exclusiva com Alex Levy Heller

Alex Levy Heller é diretor de TV, cinema e produtor cultural. Graduado em 2002 pela University of Nebraska, USA, com um BFA em Artes Dramáticas e Broadcasting. 
Nos EUA trabalhou como produtor e diretor de TV na KYNE-TV, UPN, ESPN e CNN. No Brasil trabalhou na produção do filme "O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias" de Cao Hamburguer e mais recentemente como Diretor de Produção do Documentário "Dzi Croquettes" de Tatiana Issa e Raphael Alvarez, vencedor de 15 prêmios em festivais nacionais e internacionais. Além de filmes de curta-metragem, atualmente dirige o documentário "O Relógio do Meu Avô" sobre sobreviventes do Holocausto que vivem no Brasil e é Diretor Executivo e Idealizador do Brazil Film Festival na Austrália e Luxemburgo e do Circuito Brazil Visual de festivais de cinema brasileiro no exterior. 


NESTA ENTREVISTA
Alex fala de seu novo filme "O Relógio do Meu Avô", um documentário sobre como os sobreviventes do holocausto encontraram no Brasil uma nova pátria!


Jiddu Saldanha – O que te inspirou a buscar uma carreira artística? Você tinha exemplos na família? Foi um toque mágico, um desejo, fala sobre isso.
Alex Levy Heller - Quando tinha 12 anos de idade fiz uma peça de teatro da escola. Um jornalista do O GLOBO foi assistir e me entrevistou. Uma de suas perguntas era se eu seguiria carreira de ator, e eu respondi que não, “queria ser veterinário”. Cheguei a cursar Zootecnia na UFRRJ, mas o vírus do teatro me pegou. Larguei a Zootecnia e fui para os EUA estudar Artes Dramáticas. Desde pequeno estive envolvido com as artes. Minha avó é escritora, poeta e pintava quadros que meu avô vendia de porta em porta. Nos EUA fui ator (ainda sou, nenhum ator deixa de ser), diretor de TV (KYNE-TV, UPN, ESPN), e produtor cultural. Quando retornei ao Brasil, busquei oportunidades em cinema. Eu sabia que o cinema nacional estava crescendo. Resolvi embarcar nessa, e começar do zero. Minha primeira grande oportunidade foi com o diretor Cao Hambrguer no filme “O Ano em que Meus Pais Sairam de Férias” e em seguida com a Tatiana Issa e Raphael Alvarez no documentário “Dzi Croquettes”.

JS – Na tua opinião, ser diretor, ator, cineasta está a serviço de alguma missão específica? Neste caso, qual seria a tua missão?
ALH - Não dá para fazer arte por arte. Isso é enganação. Qualquer expressão artística deve carregar algum significado. Pode ser profundo, superficial, global, pessoal... mas deve dizer algo a quem aprecia, do contrário não faz sentido. Não sei se missão é a palavra certa, eu acredito que todo artista tem seu dever e espaço na sociedade. O dever deve ser cumprido e o espaço ocupado. Acredito nisso.

JS – Quais os filmes e diretores que te inspiraram e se tornaram referência para você, cite alguns.
HLH - Meus diretores favoritos são Akira Kurosawa e Werner Herzog. Alguns filmes referências são: “Aguirre e a Cólera dos Deuses” , “Nosferatu” (ambos do Herzog) e “Dersu Uzala” , “Sonhos” , “Ran”, “Kagemusha” (todos do Kurosawa). É claro, existem outros filmes que me inspiram, mas estes dois diretores são as minhas principais fontes.

JS - Um documentário sobre o holocausto, onde você encontrou coragem para tanto? O tema é complexo, profundo e toca fundo, não?
HLH - No início era uma questão pessoal. Resgatar o relógio do meu avô perdido, escondido nas entranhas da Transilvania. Porém, durante as filmagens, ao entrevistar um sobrevivente de Auschwitz, percebi que o filme não poderia mais transitar apenas nesta esfera. O tema era muito mais abrangente.  A história do Holocausto deveria ser contada para jamais ser esquecida. A busca pelo relógio do meu avô se tornou uma metáfora para o resgate de minhas origens, minha identidade judaica e brasileira. Corajosos são os sobreviventes que nas entrevistas encontraram forças para relembrar um passado sombrio e trágico e compartilhar tudo no filme.

JS -  Quem você gostaria que visse o filme “O Relógio do meu Avô”? Existe preferência por algum tipo de público específico?
ALH - Gostaria que aqueles leigos e ignorantes que não conhecem a história do Holocausto assistissem ao filme. Desejo que grupos intolerantes e preconceituosos assistam ao filme. Quem sabe, eles mudam de idéia....
JS – Como você vê o cinema nacional atualmente? O que realmente mudou? Como você se vê neste novo contexto?
ALH - O cinema nacional continua sendo impulsionado por meios de leis de incentivo à cultura. A produção de filmes aumentou, e o público passou a procurar mais os filmes brasileiros. O desafio agora é em relação à distribuição e espaço em salas de cinema. Como Diretor Executivo do Brazil Film Festival – Austrália e Luxemburgo e do Circuito Brazil Visual de festivais de cinema brasileiro no exterior, minha função é criar mercado para as produções nacionais no mundo. O filme brasileiro apesar de ser bem apreciado no mundo, não consegue ocupar um espaço comercial e não chegam às salas de cinema como os filmes argentinos por exemplo. Aprendemos a fazer filmes de qualidade, agora temos que aprender a comercializá-los. Porém, enquanto continuarmos a depender das leis de incentivo, a indústria cinematográfica do Brasil não vai muito além. Filmes como “Nosso Lar” que não usufruiu de nenhuma lei de incentivo, são exemplos de que nem sempre é necessário o incentivo fiscal para ter retorno financeiro. Somente assim a indústria caminhará sozinha. Por enquanto ainda dependemos do governo e das leis de incentivo.

JS – Quem é Alex Heller por Alex Heller?
ALH - Ah! Isso eu não sei responder....


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