quarta-feira, 21 de julho de 2010

17º CINE MOSQUITO, O PÚBLICO CERTO NA HORA CERTA!


O 17º Cine Mosquito foi mais um encontro de amor ao cinema e espontaneidade da platéia. O fotógrafo Marcos Homem, uma verdadeira enciclopédia ambulante de cinema nos brindou com belas "mímica de filme". Thiago, presente na platéia e que já contamos como parte do nosso público cativo, acertava todas e o Yuri Vasconcelos, um dos produtores do festival de esquetes de Cabo Frio, não perdeu tempo, mandou ver na mímica e arrasou!


        
                      Yuri Vaconcelos (centro) Thiago (esquerda) e
                      Marcos Homem (direita) - muita mímica de 
                      filme e amor ao cinema de qualidade!

Estávamos todos lá, felizes com mais uma oportunidade de fazer do cinema nosso prazer maior sem qualquer tipo de pedantismo.
Mas, como todo cine clube que se preze, tivemos uma platéia falante e ativa que criou seu próprio rumo nos debates sobre cada filme!
O Filme "QUEIMADO" de Ígor Barradas, suscitou um diálogo efusivo sobre o racismo, o estupro e o envolvimento de pessoas mais velhas com adolescentes. Foi um debate profundo e enriquecedor.
Já no filme "NÔVA" da mineira Cris Ventura, deixou a platéia apreensiva com as baratas gigantescas na tela e um deleite à parte com as belas pinturas/desenhos da atriz Mariana Jacques que também era personagem do filme. O público gostou da ótima montagem, os cortes experimentais e belo exercício de côres explodindo na tela.



O Filme "DOIS MUNDOS" de Thereza Jessouroun estimulou o público a falar sobre a deficiência auditiva mas de um ponto de vista novo, talvez, da deficiência dos "não deficientes" que acabam vivendo num mundo de preconceito sem perceber o universo diferente, real e paralelo de quem prioriza a sensibilidade acima de todos os preconceitos.
Finalizamos com o filme "VENTILADOR" de Jiddu Saldanha (este que vos escreve) onde o experimentalismo com a palavra fez prevalecer na tela a presença de alguns dos grandes nomes da poesia falada no Brasil.
O 17º Cine Mosquito fecho com chave de ouro com a famosa foto MOSQUITÃO, tirada por Marcos Homem e Bárbara Morais.
Todos nos sentimos felizes e honrados com mais este momento tão especial.
Que venha mais!

segunda-feira, 5 de julho de 2010

CRISTIANE VENTURA - BELO HORIZONTE / MG



Cris Ventura, nascida em 1984, Belo Horizonte, é produtora e realizadora de filmes e vídeos, é estudante de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais, presidente da Associação Coletivo da Imagem realiza diversos projetos na área da cultura e do audiovisual.

Filmografia:
Vídeos:
Oslo 6’35 (2010)
Krípton 6´(2009)
Contra a hirarquia das coisas assépticas – 11´ (2009) – Melhor Vídeo arte no festival de cinema universitário de vitória - REC
Nôva 11´55´´ (ganhador do prêmio de melhor ficcção na VII Mostra Minas de Cinema e Vídeo de 2009)
Sangre,3,30 (vídeoarte) 2009 – Arte Mov 2009 BH, Curta cinema, 16º Vitória cine Vídeo. Mostra Tiradentes 2010

Documentários:
Quarteirão do Soul (2007) 5´,
Analogia do verme 18´ (Co-autoria),
Negros Encontros Negros (2007) 30´ (Co-autoria),
Nas minhas mãos eu não quero pregos (em fase de finalização)
Do morro ao asfalto (2007) 6
2008 – Produtora do curta-metragem “Andrômeda- A menina que fumava sabão” 35mm,De CarlosMagno Rodrigues aprovado pelo Filme em Minas.

ENTREVISTA POR JIDDU SALDANHA

Cine Mosquito – Fale um pouco da forma como você conheceu a linguagem cinematográfica.

Cristiane Ventura - Desde criança gostava muito de cinema. Meu tio tinha uma locadora que ficava do lado da casa de minha avó, e sempre que ia visitá-la enchia uma sacola de filmes e passava o final de semana inteiro vendo filmes, via de tudo, mas gostava muito dos filmes de terror. Já na fase dos 13 aos 17anos gostava muito de vídeo-clipes.
Aos 17 comecei a freqüentar diversos eventos culturais e dentre eles os festivais de cinema eram os meus preferidos, via 3 sessões seguidas. Freqüentei as primeiras edições de festivais de cinemas aqui como o Indie, Festival Internacional de Curtas de BH, mostras de cinema no centro cultural de BH e da UFMG. Gostava de ver mas não pensava na possibilidade de realizar algum filme devido aos custos de equipamentos e produção. Estudei um tempo então de teatro e música, tentei vestibular pra música, mas acabei indo para a faculdade de Letras. Em 2006, já consegui ver mais possibilidades de realizar vídeos, fazia alguns testes com a webcam e o programinha simples do windows movie maker, fiz uma oficina de roteiro na Mostra de Tiradentes, daí comecei a fazer outras oficinas, cursos e matérias voltadas para o cinema. E em 2007 fiz meus primeiros vídeos para o FAN (Festival de Arte Negra), daí não parei mais e criei junto aos amigos que trabalham no FAN a Associação Coletivo da Imagem, que vem realizando vídeos desde então. Este ano lançaremos o primeiro documentário longa-metragem do grupo, intitulado “Nas minhas mãos eu não quero pregos” dirigido por mim e Vilmar Duarte.

CM – Como você vê a realidade por traz dos festivais de cinema hoje existentes no Brasil?

CV - Hoje no Brasil tem surgido muitos festivais de cinema e vídeo, festivais de diversos segmentos: universitário, de temática ambiental, festival de cinema feminino, de animação, de filmes de terror, tem de tudo, mas os mais tradicionais ainda privilegiam os filmes finalizados em 35mm (ou em película), mesmo que alguns curadores e produtores tentem minimizar essa hierarquia ela ainda é bem evidente.





CM - Comente um pouco sobre suas premiações.

CV - Já participei de festivais como: Vitória Cine Vídeo, sendo premiada com o vídeo Sangre com melhor videoarte, em Vitória também fui premiada em um outro festival – REC (Festival Universitário) com o vídeo Contra a hierarquia das coisas assépticas (melhor videoarte também), este mesmo vídeo participou também do Festival de Cuiabá. Com o vídeo Nôva, ganhei melhor ficção na VII Mostra Minas de Cinema e Vídeo. Estes três vídeos foram finalizados em 2009, e com ele participei de festivais como: CEN (Cine Esquema Novo), Art Mov, Curta Cinema, Mostra Disseminação, Mostra Tiradentes, e os citados anteriormente.

CM – Quem são seus filmes e cineastas preferidos?

CV - Meus filmes preferidos são: Soy Cuba de Mikhail Kalatozov
Pierrot le Fou do Godard, Deus e o diabo na terra do sol de Glauber Rocha, Tão Longe, Tão Perto de Wim Wenders, Blue Velvet de David Lynch, L'opéra-mouffe de Agnès Varda, Oldboy de Chan-wook Park, Cría Cuervos, de Carlos Saura, O Fabuloso Destino de Amélie Poulain do Jean-Pierre Jeunet.

CM – Como está o panorama de cinema em Belo Horizonte?

CV - O campo do audiovisual vem crescendo muito na cidade, devido aos incentivos e cursos que vem surgindo nos últimos anos. Há um certo número de grupos ligados a produção de documentários, videoarte, cinema, mas ainda existe muito pouco em relação a produção de longas, mas acredito que o pessoal que vem se destacando por aí em breve, assim como eu estará lançando seus longas.

CM – Quais são suas perspectivas para 2010/2011?

CV - No final do ano irei lançar meu primeiro longa, que é um documentário sobre o escultor mineiro Maurino de Araújo,
que é um projeto realizado através do Fundo Municipal de Cultura de BH, lançarei também um documentário curta-metragem sobre o bar/espaço cultural Calabouço, estes filmes estão em fase de finalização. E também estou com um vídeo novo chamado Oslo, que está aí sendo enviado para festivais.



CM – Pude notar nos teus filmes uma forte ironia com linguagem narrativa seca e niilista, você acha que isso reflete um pouco o desconforto existencial da tua geração?

CV - A linguagem que proponho em meus vídeos é resultado da saturação da linguagem que na grande maioria da vezes estamos acostumados a ver, creio que não existe muita lógica em continuar seguindo os paradigmas da narrativa, da comunicação, o padrão cinematográfico já ficou muito obvio. A “minha” geração está associada a interação a todo momento, o uso contínuo de celular, email, facebook entre outros torna possível a participação ativa das pessoas em algumas obras, o público é inserido a colocar ali sua vivência para interpretar e ganhar um sentido, um significado. Não quero fazer um filme em que simplesmente “eu” diga algo, mas quero criar algo que leve a pessoa a dizer o que lhe passou pela cabeça, algo mais aberto de interpretação, de sensação, e não uma história mastigada, pronta para ser engolida.

CM – Quem é Cris Ventura por Cris Ventura?

CV - Essa pergunta foi uma coincidência, estou fazendo minha monografia e estou pesquisando muito Roland Barthes, e em um trecho de Roland Barthes por Roland Barthes ele escreve: “Comentar-me? Que tédio!” . Creio que estou em busca de formas de expressão mais livres.

Clique sobre o filme de Cris Ventura de sua escolha e veja na íntegra:

Contra a hierarquia das coisas assépticas

Da farofa ao caviar – desfile da Daspu

Nôva