Uma história que viveu o isolamento, o esvaziamento, o sucesso e agora, se reinventa, para manter-se vivo na cidade de Cabo Frio. É o Cine Mosquito, um Cine Clube que se orgulha de nunca ter fechado as portas.
O Público é nosso maior presente! Foto: Manuela Ellon. |
Quem frequenta o Cine Mosquito, sabe que a marca registrada deste Cine Clube é a resistência cultural. Sobreviver a 08 anos, se reinventando e mantendo contato com seu público que, praticamente, cresceu vendo seus filmes, hoje, orgulho da cidade de Cabo Frio, o evento nem sempre foi o que hoje é. No início, tínhamos que fazer sessões em computador, TV com DVD, para não deixar a peteca cair. As primeiras sessões, inclusive, foram feitas nas casas das pessoas. Faltava equipamento adequado, e não tínhamos como receber o público, se não fosse pelo carinho das pessoas que abriam as portas de suas casas.
Até hoje lembramos com amor, as sessões realizadas na casa da família da Bárbara Morais, do poeta Flávio Machado, da Tatiana Prota, no Peró Hostel e até na igreja congregacional do Guriri. Todo espaço que se abria, para nós, era ouro e nos dedicávamos de alma para criar sempre uma ótima sessão, algo que o público jamais esquecesse e, sim, conseguíamos. Um dia, em 2014, o Cineasta Milton Alencar ofereceu a possibilidade de irmos para Casa Scliar, onde ficamos durante um ano e meio, mostrando a força do cinema local e nacional. Atualmente, no espaço Usina 4, o Cine Mosquito passou a ser um cine-clube amado e respeitado. O crédito é para sua singularidade. Sessões de cinema indígena, curtas teatrais antes dos curtas de audiovisual, mímica de filme e o inesquecivel Varal do Beijo, que já é uma tradição, iniciada nos tempos da casa Scliar.
Com uma equipe que permanece unida o evento vai mantendo seus contornos e trazendo cinema de qualidade em forma de curta e média metragem. No cine mosquito já passamos de tudo: Animação Cubana, Filmes canadenses, Japoneses, cinema nacional e muito filme local de Cabo Frio, uma cidade que vem, cada vez mais, aumentando sua produção de audiovisual. Enfim, chegamos à edição número 63, última de 2016 e com 05 lançamentos, algo inédito na história do cineclubismo local.
É com muita alegria que nosso cine-clube, vem mostrando a cara e investindo na sua forma de mostrar a criação audiovisual como um exercício que vai além do fazer para construir o ser. Ser cinema, ser arte, ser vida, ser poesia. São alguns anos vendo o público que vai e volta, sempre num eterno retorno, comungando de nossos sonhos e delírios, tudo se confundindo com a nossa essência, com aquilo que buscamos como referência para nossa alma e o mergulho do nosso existir
Vida longa ao Cine Mosquito.
Jiddu Saldanha - Blogueiro.