quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

ENTREVISTA CURTA COM JOSÉ FACURY – Cabo Frio / RJ

Sua história completa começa no Maranhão, terra onde nasceu e participou dos movimentos sociais e culturais. Depois veio para o Rio de Janeiro e enfrentou a ditadura usando a força de seu teatro. É fundador do grupo Teatral Creche na Cochia, que já tem 30 anos de história!
Vamos conhecê-lo melhor nesta ENTREVISTA CURTA.



Cine Mosquito – Facury, certa vez alguém me disse que o ator de teatro brasileiro vê mais cinema do que teatro em si. Na tua percepção, a quê se deve essa visão?

José Facury - O ator é um ser como todos. A facilidade que temos de ver cinema é bem mais ampla do que ver teatro. Também nós somos menos críticos às péssimas interpretações no cinema/ tevê e excessivamente exigentes com o ator no teatro. Já o público comum é bem menos exigente com o ator no teatro, para ele, a necessidade de entender a trama o absorve mais do que os detalhes interpretativos.

CM – Que tipo de semelhança você vê entre a cenografia para o cinema e para o teatro?

JF Muitas, logicamente dependendo do tratamento dado ao filme. Na maioria dos tratamentos cinematográficos a cenografia é ambiental. Já na maioria das encenações a cenografia é mais escultural onde os elementos se instalam sugerindo superficialmente aquilo que possa ser exigido em termos de ambientação

CM – Fala um pouco da tua relação com o ver/fazer cinema.

JF - Adoro ver cinema e já o estudei. Fui diplomado em um dos melhores cursos já feitos no Brasil, no Museu de Arte Moderna na década de setenta. Foram dois anos de muito estudo e muitas realizações. Ali estava querendo largar o teatro, mas na época, fazer cinema era muito caro e voltei ao teatro. Agora o andam banalizando demais. Gosto da democratização do uso da câmera e da utilização da linguagem em pequenos circuitos, mas ser cineasta como muitos se dizem sê-lo, são outros quinhentos.

CM – Fique a vontade pra falar dos seus filmes e cineastas preferidos.

JF - São muitos e todos deles: Chaplin, Orson Wells, Fellini, Bunuel, Fassbinder, Nelson Pereira, Tim Burton, Spike Lee, Greenwey, Eastwood, Scorcese, Tarantino, Coppola, Fernando Meirelles etc etc etc

CM – O que você acha que pode melhorar, no panorama do cinema brasileiro?

JF - Acho que o cinema brasileiro está no rumo certo, passada as ondas das chanchadas, da nouvelle vague tupiniquim, do hermetismo simbólico, do ufanismo histórico nacionalista, do pornô e da violência urbana estamos agora no caminho de uma linguagem brasileira que é a soma de todas essas fases que passamos. Que é exatamente o que somos.

CM – Quem é José Facury por José Facury?

JF - Um ser que cada dia acha que sabe menos e que não terá tempo de aprender tudo que precisa para contribuir mais maduramente para a nossa cultura. Um ser que, cada vez mais, anda intolerante com a imbecilidade reinante dos oportunistas da arte nesse mundo moderno.


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sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

ENTREVISTA CURTA COM INEZ CABRAL – Rio de Janeiro / RJ

A cineasta Inez Cabral, empresta ao blog Cine Mosquito, sua maneira direta de falar. Quem teve a honra de ter uma aula de roteiro com ela, aprendeu algo pra toda vida. Mais do que isso, sua atitude é sempre pela franqueza tudo o que ela diz faz a mediocridade passar muito longe! Vamos então, conhece-la nesta entrevista curta.

Com seus alunos, na escola Darcy Ribeiro. A Cineasta Inez Cabral... (Foto de Lidiane Cosmelli).


Cine Mosquito – Como surge o interesse por cinema em sua vida? Foi uma paixão de infância que se perpetuou ou uma escolha profissional da juventude?

Inez Cabral - Essa sempre foi minha paixão maior, desde a primeira vez que fui ao cinema (lembro até hoje, o filme era: "Gigi", com Maurice Chevalier e Leslie Caron.) Mais tarde, veio substituir para mim, o que outros procuram na religião, nas drogas ou até no esporte.

CM – Na tua percepção, existe algum tipo de “cinema” que podemos dizer ser o “melhor do mundo”? Neste caso, qual seria?

IC - O melhor "cinema" do mundo para mim não existe, só distingo entre filme bom e ruim.

CM – Sendo filha do poeta João Cabral de Melo Neto - conhecido como uma das mais importantes vozes da língua portuguesa - existe um paralelo entre a obra dele e o cinema que você faz? Em que pontos a sua obra e a de João Cabral dialogam?

IC - Ai que mania! Até que ponto o que você faz tem a ver com seu pai? Meu diálogo com ele era ao vivo. O que ele me proporcionou? Pelo fato de ser diplomata, intelectual e exigente, ele me deu a base cultural que me permitiu conhecer grandes filmes e diretores incríveis. Quando ele assistiu meu primeiro curta, seu comentário foi: "Dá para ver que você é minha filha, e exerce a linguagem "a contrapelo" ou será "a contra-pelo"? Ai, esses acadêmicos!!!

No estúdio da escola Darcy Ribeiro, Inez Cabral dá uma aula de introdução ao audiovisual!(foto de Lidiane Cosmelli)

CM – O que você gosta de assistir? Quais os filmes e cineastas que te influenciaram?

IC - Gosto de assistir tudo, desde que seja competente. Detesto a famosa frase de Glauber Rocha (que só funcionava com ele) "Uma idéia na cabeça e uma câmera na mão". Quantos horrores foram cometidos por quem acreditou nisso! (Só prefiro não citar nomes tá? ;))
Quanto a diretores que eu amo, listo alguns: Buñuel, Truffaut, Bergman, Milos Forman, Fassbinder, John Ford, Orson Welles, G. Tornatore, Fellini, Kurosawa, filmes coreanos quase todos (desculpa mas não consigo decorar nome oriental :(, Eisenstein, um ou outro Godard, algo de W. Allen, Q. Tarantino, Robert Rodriguez, Gus Van Saint, Scorcese, Lars Von Trier, e mais um monte deles...

CM – Fale um pouco do seu trabalho como professora/educadora. Como é, lidar com a “doçura” juvenil dos novos alunos que lhe chegam todos os dias, sabendo ser o cinema, uma arte tão complexa e que depende tanto de fatores tecnológicos?

IC - Quanto a meu trabalho de professora, quem pode falar são meus alunos. Adoro o olhar juvenil, a curiosidade, os pontos de vista sem a covardia dos mais velhos. O mais difícil é lidar com a arrogância inerente à juventude (já dizia Oscar Wilde: "Não sou jovem o suficiente para saber tudo").

CM – Como você vê a inserção das novas tecnologias hoje, no aparato Cinematográfico, causando um certo alargamento e uma possível perda de controle das referências do cinema como instinuição?

IC - As novas tecnologias vieram para democratizar o cinema, o "Cinema possível" agora é viável, não é? Mas acho que essas tecnologias vieram trazer outro tipo de problema: antigamente, quantas idéias se perderam pq o criador não soube vencer a resistência ao novo exercida pelos donos da grana. E hoje, com essa democratização (aí está o youtube que não me deixa mentir) quanta gente sem a mínima percepção visual, sem o mínimo conhecimento de nada se sente um grande cineasta, não é?
O que me consola, é que cada dia se filma mais, o que acredito deva propiciar o surgimento de novos talentos. É uma questão de separar o joio do trigo. (chato é a quantidade de joio com relação ao trigo, mas suponho que isso seja normal). Então, o que vem acontecendo é que cada um é seu próprio espectador e seu próprio fã. Acho que com o tempo, as salas de exibição se tornarão obsoletas, ou melhor, só funcionarão para o dito cinemão de milhões e milhões de dólares, enquanto a linguagem audio visual, crecerá em salinhas pequenas, ação entre amigos, essas coisas. Talvez se torne cada vez mais difícil manter-se em dia com a produção mais criativa, mas: Viva a Internet! Apesar de tudo, eu acredito no futuro...

CM – Quem é Inez Cabral por Inez Cabral?

IC - Vim ao mundo para descobrir. Às vezes me sinto como um personagem de Milos Forman, daqueles que adoram dar murro em ponta de faca (tipo Estranho no Ninho, o hippie de Hair, o protagonista de Ragtime).

Veja a Lista de Filmes de Inez Cabral

· Lá vai uma lista, não necessariamente na ordem, e claro, não estão todos:
· Dogville (Lars Von Trier)
· O fantasma da liberdade (Buñuel)
· O anjo exterminador (Idem)
· Amarcord (Fellini)
· Janela indiscreta (Hitchcock)
· Old Boy (ai meu problema com nomes orientais!)
· A casa vazia (idem)
· Lanternas Vermelhas (Zang Yimou... acho que escrevi certo)
· Cidadão Kane (O. Welles)
· A paixão de Joana D'Arc (Dreyer)
· Esses são apenas alguns, na verdade são muitos mais.



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domingo, 18 de janeiro de 2009

5º Cine Mosquito e a diversidade cultural!



Dia 18 janeiro, domingo, foi um dia marcante para a tão recente história do Cine Mosquito. As sessões foram brindadas com filmes densos. Abrindo a sessão, “O Presidente dos Estados Unidos”, do pernambucano Camilo Cavalcanti, deixou o público sem fôlego. Em seguida, revimos o filme de Paulo Mainhard, “Pela Passagem de uma Grande Dor” e o belíssimo “Messias – Delicadamente Nobre” de Cecília Lang.
Foi uma sessão de filmes que nos fez pensar muito sobre as diversas realidades brasileira.
Um dos pontos altos foi, sem dúvida, o filme de animação “Jonas e Lisa” de Daniel Schorr e Zabelle Côté, um filme visceral, profundo e reflexivo.
Fechamos com belíssimo filme “A Ricota” de Pasolini. Um filme bonito e profundamente ideológico com a presença de Orson Welles como ator. Realmente um filme estupendo!


A noite continuou com muita caipirinha e jongo, isso mesmo, o grupo de “Jongo Dona Su” coroou a noite com o melhor desta dança que vem desde o tempo da escravidão. O grupo de “Jongo Dona Su” faz parte do Núcleo Cultural D. Intertela, da Tribal, uma associação de Cabo Frio. A eles coube toda a diversão da noite. Depois de uma arrebatadora sessão de cinema nos deleitamos em muita batucada, cantoria e dança!
Agora é só esperar para ver o que é que ta vindo por aí!
Fique ligado e aguarde o próximo Cine Mosquito.

Confira abaixo a relação de filmes.

“O Presidente dos Estados Unidos” – 23 min.
Camilo Cavalcanti / Recife – PE ; “Messias. Delicadamente Nobre” – 20 min.
Cecília Lang – Rio de Janeiro /RJ; “Pela Passagem de uma Grande Dor” – 12 min.
Paulo Mainhard (Cabo Frio – RJ); “Insistências” – Bárbara Morais (Cabo Frio – RJ); “Não vai Mais Sair” - Alexandra Arakawa (Cabo Frio – RJ); “Voyer On Board – Bus Ride” /Ricardo Sepúlveda (Cabo Frio – RJ); “Universo Caio” - Jiddu Saldanha (Cabo Frio – RJ); “Jonas e Lisa” – 9 min. / Animação Zabelle Côté e Daniel Schorr – Brasil /Canadá; “A Ricota” – Pier Paolo Pasolini Duração: 00:35:00

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sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

ENTREVISTA CURTA COM PAULO MAINHARD - CABO FRIO / RJ

Ele faz parte da Taberna de Cinema, editou e dirigiu alguns filmes emblemáticos da cidade de Cabo Frio. No cine mosquito do dia 18 /01, ele será um dos artistas homenageados com o seu belo filme: “Pela Passagem de Uma Grande Dor”, inspirado na obra de Caio Fernando Abreu. Vamos conhecer um pouco mais sobre Paulo Mainhard, nesta entrevista curta.



CINE MOSQUITO – O que te atrai mais no Fazer Cinema?

PM - A força do trabalho coletivo e a sensação forte de estar deixando algo para o futuro. Fazer um filme é uma forma de viajar no tempo.

CINE MOSQUITO – Como você vê o panorama do cinema Latino Americano?

PM - Do cinema latino americano conheço pouco. Acho que nunca na minha vida eu vi um filme feito na Guiana Francesa, por exemplo! Falar de cinema na América Latina é difícil, somos extremamente bombardeados pelo cinema norte americano, inclusive, a maioria de filmes latinos ou de outros lugares do mundo que chegam aqui, vem através das grandes distribuidoras americanas, assim como a produção nacional que consegue sair de nossas fronteiras. Apesar de estar bastante por fora, preciso destacar o cinema cubano e o argentino - quem não viu ainda, veja, são filmes excelentes! Destaco os novos e já clássicos "O filho da noiva", "Plata quemada" e "Nove rainhas". Também "Amores brutos", produção mexicana, esses filmes encontram-se nas locadoras de Cabo Frio, acreditem!! Vale à pena!

CM – Quais os seus filmes e cineastas preferidos?

PM - Cara, a lista é longa. Muitas influências, muito diferentes entre si. De Fellini a Robert Zemeckis (a trilogia "De volta para o futuro" e "Contato" não podem faltar nesta lista).
- ”Ensaio de Orquestra”, “Amacord”, “Oito e meio”, “Noites de Cabíria”, “A Doce Vida” (Frederico Fellini).
- Do Godard destaco “Acossado”, “Weekend à Francesa” e “Alpha Ville” que sempre que eu vejo me dá vontade de pegar uma câmera e fazer um filme futurista sem dinheiro.
- Do Truffaut destaco “Jules e Jim”, “Atirem no Pianista” e “Noite Americana”.
- De Stanley Kubrick é fundamental, essencial, vital: “Laranja Mecânica”, “Dr. Fantástico”, “Lolita”, “2001- Uma Odisséia no Espaço”, “O iluminado”, “Nascido para Matar”, “De Olhos bem Fechados” (Assistam, assistam!!).
- “Volver”, “Tudo Sobre Minha Mãe”, “Carne Trêmula”, “Fale com ela”, “Ata-me, “Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos (Pedro Almodóvar);
- “RAN” e “Sonhos” (Akira Kurosawa);
- “Cães de Aluguel”, “Pulp Ficcion”, “Grande Hotel”, “Kill Bill” (Quentin Tarantino);
- “Morangos Silvestres”, “O sétimo Selo”, “Gritos e Sussurros”, “Fanny e Alexander” (Ingmar Bergman);
- “Antes do amanhecer”, “Antes do Pôr do Sol”, “Waking Life” (Richard Linklater);
- “O selvagem da Motocicleta”, “O poderoso Chefão (trilogia)”, “Apocalipse Now” (Francis Ford Coppola) – Quero fazer um adendo para o filme "Apocalipse de um Cineasta" feito pela mulher do “Coppola”, “Eleanor Coppola”, durante as filmagens do “Apocalipse Now”, é uma espécie de making of que acabou sendo melhor que o filme (por incrível que pareça).
Tenho que confessar ainda uma imensa admiração pelos filmes da Pixar, além da questão tecnológica, a qualidade dos roteiros de Procurando Nemo, Toy Story e Wall-E (Vi este filme ontem, fiquei maravilhosamente chocado!).
- Uma mistura doida: “Ladrões de Bicicleta” (Vittorio De Sica); “Quanto mais Quente Melhor” (Billy Wilder); “Ascensor para o Cadafalso” (Louis Malle); “Requiém para um Sonho” (Darren Aronofsky); “Trainspotting” (Danny Boyle); “Respiro” (Emanuele Crialese); “Juventude Transviada” (Nicholas
Ray); “Quase Famosos” (Cameron Crowe); K-Pax (Iain Softley); “Cantando na Chuva” (Stanley Donen e Gene Kelly); “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças”; (Michel Gondry); “Assim Caminha a Humanidade” (George Stevens); “O terceiro Homem (Carol Reed); “Serial Lover” (James Huth); “A
Outra História Americana” (Tony Kaye); “Clube da Luta” (David Fincher); “O Gabinete do Dr. Caligari” (Robert Wiene); “Matrix” (só o primeiro, dos irmãos Wachowski); “À Espera de um Milagre (Frank Darabont); “O Cozinheiro, o Ladrão, sua Mulher e o Amante” (Peter Greenaway);
”Mediterrâneo” (Gabriele Salvatores); “Corra Lola, Corra” (Tom Tykwer);
”Edukators” (Hans Weingartner); “Encurralado” (O primeiro e melhor filme
do Spielberg).
- Medo e delírio e Em busca do cálice sagrado (Terry Gilliam)
- O fabuloso destino de Amélie Poulain e O ladrão de sonhos
(Jean-Pierre Jeunet);
- Cidade dos sonhos e Uma história real (David Lynch);
- O garoto, A era do ouro, Luzes da cidade, O circo, Tempos Modernos (Charlie Chaplin);
- Um estranho no ninho e Hair (Milos Forman);
- Os idiotas e Dogville (Lars Von Trier);
- Cidadão Kane e A marca da Maldade (Orson Welles);
- Psicose, Um corpo que cai, Janela indiscreta, Festim diabólico (Alfred Hitchcock);
- “Um cão andaluz”, “A bela da Tarde”; “O Discreto Charme da Burguesia”, O Anjo Exterminador (Luiz Buñel);
- Noiva nervosa noivo neurótico, Todos dizem eu te amo, “Desconstruindo Harry”, “Match Point” (Woody Allen);
- Os inspiradores brazucas: “Diários de Motocicleta” e “Terra Estrangeira” (Walter Salles); O Pagador de Promessas” (Anselmo Duarte) – não deixe de ver este filmeeee!! ; “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, “Câncer”, “Di-Glauber” (Glauber Rocha); “Ônibus 174” e “Tropa de Elite (José Padilha); “Opinião Pública” e “O circo” (Arnaldo Jabor); Eles não usam Black-tie (Leon Hirszman); “Os Cafajestes” (Rui Guerra); “O Auto da Compadecida” (Guel Arraes); “Benjamim” (Monique Gardenberg); Dois Perdidos numa Noite Suja” e “Navalha na Carne” (Braz Chediak); “Cabra Marcado para Morrer”, “Santo Forte”, “Edifício” “Máster” (Eduardo Coutinho); “Domésticas”, “Cidade de Deus”, “Ensaio Sobre a Cegueira” (Fernando Meirelles); “O Invasor” (Beto Brant); “O Sanduíche”, “Ilha das flores”, “O dia em que Dorival Encarou a Guarda” (curtas do Jorge Furtado); “Narradores de Javé” (Eliane Caffé); “Matou a Família e foi ao Cinema” (Júlio Bressane); “Quase dois Irmãos” (Lúcia Murat); “Rio 40 Graus” (Nelson Pereira dos Santos).
Nossa, é muito difícil resumir a lista. Deixei de fora filmes muito
bons, coloquei apenas os "Top-list" e com certeza me esqueci de
alguns...

CM – Como você vê a questão das novas tecnologias e o Cinema?

PM - O próprio cinema é uma nova tecnologia. Tem pouco mais de cem anos de existência é uma arte historicamente recente. Agora, a tecnologia digital, que está invadindo como um Tsunami, para mim é uma bênção! Graças a ela posso "brincar" de fazer filmes. Quando eu era criança, fazer cinema era coisa de milionário, ou de quem já tinha os conchavos. Agora continua sendo, mas podemos nos iludir empunhando câmeras digitais e editando no nosso computador caseiro, exibindo nossos filmes em festivais, mostras e cineclubes (algumas vezes promovidos por nós mesmos). Tudo bem, não dá pra misturar, afinal a realização em película é muito mais complicada. Outro mundo mesmo, não só pela qualidade da imagem, mas em relação à tensão no set e os profissionais da equipe técnica. Em vídeo, praticamente qualquer um pode pegar uma câmera e fazer um filme. Isso não acontece com um filme em película, quem está ali tem que ter estudo, experiência. Porém, o filme digital é uma forma de furar o bloqueio, de experimentar a linguagem, colocar em prática tudo aquilo que estudamos.

5 – Quem é Paulo Mainhard por Paulo Mainhard?

Putz, isso é fazer um auto-retrato com palavras: Olhos brilhantes; estatura muito alta: pés no chão e cabeça nas nuvens (embora os pés cismem em sair do chão com freqüência). Tenho raízes portuguesas, africanas, alemãs e indígenas, ou seja, um típico brasileiro. Acordar cedo me faz um mal incrível. Meus amigos sabem das minhas loucuras, mas quem convive comigo, no dia a dia sabe das minhas caretices. Adoro revoluções, mas sou extremamente pacifista. Apesar de viver de uma profissão midiática eu odeio a mídia, que se coloca como voz da verdade e as pessoas acreditam! Se eu fosse milionário, com certeza seria mecenas, tenho muito prazer em incentivar o lado artístico das pessoas. Tenho um monstro verde psicodélico urrando pra sair como um alien, mas ele vive abafado, coitado. Pra terminar, nada como Lennon e McCartney para descrever a existência humana: "I am he as you are he as you are me and we are all together." Oh yeah! Rock'n roll!!

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

ENTREVISTA CURTA COM ALEXANDRA ARAKAWA - CABO FRIO/ RJ


Em respeito à entrevistada, colocamos uma foto em que seu rosto não aparece pois ela detesta ser fotografada!


Ela é filha de japones com nordestina e, talvez por isso mesmo, uma das pessoas mais provocadoras de sua geração! Fala, respira e devora arte o tempo todo. Vamos conhecer um pouco mais sobre Alexandra Arakawa, nesta entrevista curta.

CINE MOSQUITO – Fala um pouco da tua experiência com o audiovisual e de que filmes você já participou.

ALEXANDRA ARAKAWA - Comecei com fotografia (câmera e negativo)...fotografei muito teatro, e vi o cinema como a união das duas coisas que mais amo foto&teatro. Mas o primeiro contato foi com Paulo Mainhard, com as idéias pra fazer um filme - que faremos daqui uns anos - mas acabamos fazendo o "Pela passagem de uma grande dor", da obra de Caio Fernando Abreu.
Ele costumava dizer que tínhamos uma visão teatral, em relação aos espaços, e hoje acho q muito do cinema também ajuda no teatro. Organização e a forma de concepção geral principalmente a parte visual como uma direção de arte. Foi a primeira vez que fiz algo em cinema. O melhor foi trabalhar com Paulo, a Manu e o Vinicius, além do processo de "criar" o filme e depois vê-lo pronto.
Depois participei também do filme "Curtindo a vida Armado" da Manu Castilho, e foi quando vi uma equipe perfeita. Pessoas que acreditam e respeitam tudo que está sendo feito. Além de trabalhar novamente com a Manu, o Paulo e o Vinicius, ter conhecido outras pessoas maravilhosas e ver a partir daí um grupo que se formou com vontade de fazer cinema levando tudo a sério.
Depois com a Oficina do "Cinema Possível" aprendi que posso fazer um filme simples sozinha, com fotos, por exemplo. Fiz o filminho "Tão só" com fotos, e outros "experimentos" de edição com fotos.
As funções que mais me apaixonam são Still, Direção de Arte e Direção de fotografia e também gosto de continuidade e tenho vontade de aprender edição.
Mas ainda preciso aprender muito de tudo. Muito mesmo!

CM – Você tem preferência por algum cineasta? Qual? Fale um pouco sobre ele (s).

AA - Pergunta dificil!
Cláudio Assis, Heitor Dália, David Linch, Stanley Kubrick, Dziga Vertov, Andrei Tarkovsky...
Os brasileiros citados, são os que mais admiro no momento em se tratando de cinema nacional. A qualidade, a beleza das imagens, o roteiro, a forma como o filme se desenvolve. A filmagem...entre muitas outras qualidade que ñ lembro no momento pra falar dos filmes que já vi dos dois.... Isoladamente tem vários outros filmes de outros cineastas brasileiros que acho ótimos também. Além da Direção de Fotografia do Walter Carvalho em qualquer filme de qualquer cineasta.
Dos Internacionais...gosto muito de muitos filmes aí...de muitos outros cineastas além dos citados. Gosto muito do surrealismo, do não óbvio, de filmes antigos...dos Filmes do Tarkovski que vi e não lembro o nome! E vários outros que não lembro o nome nem o diretor e tenho raiva disso...
Não gosto dos "enlatados americanos"...e acho Titanic o pior filme de todos os tempos!
Ah! Mas eu adoro o Jim Carrey, os filmes que ele fez....até o Pentelho que todo mundo odeia! Diferente demais de tudo que eu gosto? ...Mas é isso, essas são todas as coisas de cinema que eu gosto.

CM – Como você vê o papel das novas tecnologias dentro do universo cinematográfico atual.

AA - Deve ser bom...não sou lá muito entendida de nada, mas normalmente as "novas tecnologias" facilitam muito as coisas.
Da película pro digital, possibilitou muito mais gente a "fazer cinema", hoje qualquer um com uma câmera com uma fitinha se quiser pode fazer um filme...uma lata de negativo compra muitas caixinhas de fita!

CM – Na tua opinião, qual é o melhor cinema do mundo?.

AA - Brasileiro, Depois Russo, Francês e Alemão.

CM – Quem é Alexandra Arakawa por Alexandra Arakawa?

AA - Alexandra Barbosa Arakawa


Para conhcer o blog de Alexandra (clique
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quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

ENTREVISTA CURTA COM LEILA MICCOLIS - Rio de Janeiro / RJ

Ela é escritora em Tempo integral, e tem no currículo sucessos como as novelas: Barriga de Aluguel, Mandacaru e Kananga do Japão. Vamos conhecer um pouco mais sobre Leila Míccolis, nesta entrevista curta.



Cine Mosquito – Como você vê o fato de o cinema e a televisão flertar com a literatura?

Leila Míccolis - Acho que dá em casamento... risos. Estamos em tempos de links, frames e intertextualidades, e esta interação me parece muito benéfica.

CM - Fale um pouco dos trabalhos que você fez em cinema e televisão.

LM - Em cinema, meus roteiros (inclusive meus curtas) estão todos inéditos. Deles, o que mais gosto é o "Cassianã", adaptação do livro premiado "Dos ditos idos passados nos acercados do Cassianã", do amazonense Paulo Jacob. Tenho diversos curtas baseados em poemas meus e fiz o roteiro final do longa-metragem "Terra Prometida", em 2003.
Quanto a televisão, entre as novelas de maior sucesso como co-autora estão: Barriga de Aluguel (Globo), Kananga do Japão, Mandacaru (Manchete) e 94.5 - Uma onda no ar (versão internacional).

CM – Como você vê a questão das novas tecnologias para o Cinema?

LM - Acho que nenhuma arte pode parar no tempo e no espaço, é preciso acompanhar o progresso tecnológico. Só me desgosta quando os efeitos especiais são melhores do que o roteiro, a atuação dos atores ou a direção.

CM – O que mais te atrai num filme.

LM - Como escritora, só poderia ser o enredo... No entanto, não adianta uma boa trama, sem um bom roteiro também, sem bons atores e sem um bom diretor. Todos os elementos precisam coexistir de forma coesa para que o produto final satisfaça plenamente. Acho porém que tudo começa com a idéia, com a história, com a sinopse. "Furos" na trama ou no roteiro não me agradam, por melhor que seja a realização dele.

CM – Cite alguns filmes e cineastas preferidos seus.

Difícil citar só alguns poucos, mas vamos tentar citar os meus "clássicos" modernos: Fellini (primeira fase), Danny DeVito, Ettore Scola, François Truffaut, Hitchock, Spielberg, André Klotzel, Dino Risi, Roberto Benigni, Jerry Zucker, Woody Allen, Adrian Lyne, Gabriel Axel, Nelson Pereira dos Santos, George Lucas, Agnès Varda, Michal Gordon, Ken Russel, Michael Curtiz, Carlos Saura, Barry Levinson, Alain Corneau, Buñel, Alejando Almenáber, Andrucha Waddington. Há muitos e muitos outros, é uma lista grande, sou cinéfila (minha lista de filmes que me lembro ter visto tem quase 5.000 títulos já).

CM – O que você acha que pode melhorar, no panorama do cinema brasileiro?

LM - Não creio que o problema seja com o cinema brasileiro em si, há filmes incríveis, excelentes cineastas fazendo um trabalho de enorme qualidade. O que me parece que falta é maior incentivo para projetos audiovisuais nossos. Até hoje o Prêmio Set, um projeto do Urhacy Faustino e meu, que beneficia o cinema brasileiro, está em Brasília, esperando aprovação, há anos e anos e anos. Falta isso e falta também maior propaganda para nossa produção - não digo anúncios na TV de um ou outro filme, esparsamente, mas uma campanha maciça publicitária que leve o público a ver os filmes nacionais, fazendo com que estes concorram com os estrangeira. Para mim, encarar o cinema nacional como uma verdadeira INDÚSTRIA cinematográfica e considerá-la com este porte e dar-lhe este suporte. Qualidade não nos falta.

CM – Quem é Leila Míccolis por Leila Míccolis?

LM - Uma workoholic, que se diverte trabalhando, e que se intoxica saudavelmente com o que lhe dá prazer.

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Para conhecer a página de Urhacy Faustino (clique aqui)

domingo, 4 de janeiro de 2009

Comidinha gostosa, conversinha mineira e muitos filmes!


Cinema é para o público de Verdade!

O 4º Cine Mosquito nos levou mais adiante em direção ao nosso objetivo. Momentos inesquecíveis foram vividos na casa da Bárbara Morais. Os intervalos espontâneos entre um e outro filme para comentar técnica, produção, qualidade e inventividade sem tirar o prazer contemplativo da platéia, foi a marca do encontro.
No mais, pipoca, cachorro quente, refrigerante, bolo de cenoura e uma deliciosa “conversinha mineira” que se estendeu até as 22:30. Isso mesmo! Nos encontramos as 16:30 para ver filmes e permanecemos mais de 6 horas na casa que recebeu nosso cineclube itinerante.
Destacamos aqui os filmes: Neigung Für das Bild de Thomas Blum (São Mateus do Sul – PR) da Outravida produções. O filme encantou a todos, um delicioso trash de terror que mostrou não só a ótima técnica feita com câmera fotográfica mas, também, o despojamento do elenco filme e da bela montagem.
Outro filme que deixou forte impressão foi o convidado especial da noite, o filme argentino Thalitha, de Sebastian Moreno e Damián I. Valdes. O filme provocou caloroso debate espontâneo na platéia com discussões acaloradas sobre as inúmeras técnicas de montagem e planos muito bem sequenciados!
Destacamos também, a presença da Alexandra Arakawa que, com sua generosidade, identificava questões que, somadas às ótimas intervenções de Flávio Petchinitchi, ia nos dando possibilidades de olhares mais aguçados sobre cada filme.
O filme, Bolinha de Papel, de Débora Aranha, no melhor estilo cine denúncia, teve seu impacto sobre todos os presentes e, claro, não poderíamos deixar de falar do belo filme de Luiz Edmundo Alves, o poeta e vídeomaker de Belo Horizonte, que deu um show de belas fotografias e harmonia entre a palavra escrita e o jogo da câmera, claro, não sem a primorosa atuação de atores mineiros.
Aguardem nosso próximo encontro e preparem a pipoca!

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ENTREVISTA CURTA COM LUIZ FERNANDO PRÔA - RIO / RJ

Além de ótimo poeta ele é também um incentivador do audiovisual como forma de fazer veicular a poesia. Vamos conhecê-lo melhor nesta ENTREVISTA CURTA!




Cine Mosquito - O que é para você cinema?

Luiz Fernando Prôa - É quando o autor nos faz mergulhar em suas imagens e navegar em emoção em sua arte. Cinema de verdade é ser seqüestrado do momento comum e ser conduzido a um instante mágico, onde sentimos um beijo na face ou às vezes até um tapa que arde, mas que remexe nosso interior, nos leva ao prazer de sensações ou à reflexões profundas. Quando se consegue isto, vemos que realmente o cineasta atingiu o que chamamos de magia do cinema.
O melhor cinema que há é o que está no olhar de um bom poeta, em sua busca por imagens poéticas carregadas de palavras e contexto do que quer exprimir. Que lhe dê singularidade, seja para causar impacto, explorar o belo ou fazer refletir. Mas que se comunique e toque os sentidos do outro.

CM - Como foi que você se interessou pelo áudio-visual?

LFP - Minha geração cresceu bebendo do áudio-visual. Para mim é como se fosse algo inerente à vida, como beber, comer, dormir. É como uma necessidade básica. Já para a nova geração, com tevê de plasma, vídeo-game, internet, you tubes, deve se tornar, ou já se tornou, um sexto-sentido.

CM - A proposta de juntar o áudio-visual com a poesia já era um desejo ou aconteceu naturalmente?

LFP - Aconteceu de forma natural. Há nove anos que divulgo poesia e arte pela internet. Fui um dos primeiros a juntar fotografia aos textos em poesia na rede, numa época em que poucos fotografavam e tinham um scanner ao lado. Com a tecnologia das câmeras que fotografam e filmam, pude ampliar os registros que já fazia e dar vida e movimento aos poetas. Como fala o diretor Tavinho Paes, o caminho da poesia é este, o áudio-visual. Ler um poema num livro é uma coisa, mas ver o poema em ação, com voz e imagens, é realmente popularizar e valorizar esta arte.

CM - Você é o criador do Alma de Poeta?

LFP - Sim, sou o criador e editor do site Alma de Poeta (www.almadepoeta.com). Como disse, há nove anos produzindo conteúdo para disponibilizá-lo aos internautas ligados em cultura. Começamos por textos e imagens fixas, produzimos ano passado o cd Poesia de Boca, com a voz de poetas deste início de milênio e depois partimos para os registros em vídeo. Sempre buscando o que há de mais recente na produção cultural off-mídia, com ênfase nos poetas. Com isto adquirimos respeito no meio e somos considerados, por muitos, o melhor site de poesia contemporânea em língua portuguesa.

CM - Fale um pouco dos seus filmes preferidos. O que você gosta de assistir? Quais filmes lhe influenciaram?

LFP - Foram tantos que fica difícil citá-los. Então prefiro me fixar no que mais me atrai no momento, o cinema brasileiro. A produção recente é extremamente rica e vai crescer e se diversificar mais ainda. Não tenho dúvida! Vou citar alguns que vi nos últimos meses, aos quais aplaudo. Romance, o mais recente assistido, por exemplo, é perfeito, fotografia, montagem, elenco, argumento e diálogos, humor e intensidade na medida certa. Outros que adorei: Sem Controle, Saneamento Básico, Signo da Cidade, O Cheiro do Ralo, 174 (inclusive o documentário, excelente), Via Láctea, Bodas de Papel, Chega de Saudade, Ô Pai ó(?), Era uma Vez, Show de Bola, Linha de Passe...
Os de fora, recentes, que vi e gostei, Elisabeth, A Outra, Sombras de Goya, Ponto de Vista, Awake. História, ficção científica, suspense e documentários também me atraem muito.

CM - O que você acha que pode melhorar no panorama do cinema brasileiro?

LFP - O cinema brasileiro está bombando. O que falta agora é maior atenção dos patrocinadores aos novos talentos que estão surgindo e se mostrando através de curtas, principalmente no You Tube, em concursos e festivais.

CM - Quem é Luiz Fernando Prôa, por Luiz Fernando Prôa?

LFP - Bem, sou uma mistura de coisas, como os artistas de hoje buscam e devem ser. Fotógrafo, vídeo-maker, poeta, escritor e editor, que busca sua expressão através destas vertentes. Como poeta lanço-me na síntese e na simplicidade. Como escritor - minha real face -, transmitir de forma agradável tudo o que meus sentidos captaram até hoje. Como editor, mostrar a face rica da cultura nacional emergente, os talentos do que chamo de subterrâneo, aos quais a grande mídia não se preocupa. Como vídeo-maker e fotógrafo, registrar o momento presente. Em cinema, aprender o máximo possível com as feras do pedaço, para chegar ao que considero cinema, arte. Minhas duas experiências com curtas, em Anu - Antropoesia e A Poesia é uma Lady, senti o gostinho da coisa e quero mais.

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sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

ENTREVISTA CURTA COM MANU CASTILHO – RIO / RJ

Ela vem ampliando cada vez mais seu trabalho com cinema. Gosta de formar equipe, se diverte fazendo o que gosta com grande profissionalismo e costuma “fazer a hora”; Vamos conhecer um pouco sobre Manu Castilho, nesta entrevista curta para o Cine Mosquito.



CM - Como foi que você começou a fazer cinema?

MC - Comecei a fazer cinema como atriz. Na época, eu estudava teatro na Martins Penna e meu namorado fazia Cinema na Estácio, o intercâmbio foi inevitável. Acabei participando de alguns curtas dele e depois servi de "cobaia" na aula de Direção de atores de algumas turmas, que também me chamaram prá atuar em seus projetos finais, mas nessa época já estava totalmente encantada pelo outro lado da câmera.

CM - Fala um pouco da tua experiência com o audiovisual.

MC - Depois disso participei de alguns filmes como continuísta, entrei na Escola de Cinema darcy Ribeiro e lá fiz still, continuidade, produção, direção de fotografia... Até chegar no que realmente me encantou que foi Direção de Arte, mas confesso que continuo tendo uma paixão louca por continuidade (uma coisa que a maioria dos cienastas não entende). Acho que trabalhei nuns 15 curtas, alguns nem foram editados, ficaram pelo caminho. Há 2 meses atrás terminei meu primeiro curta, o "Curtindo a vida armado", que foi uma super produção pros nossos padrões de cinema universitário: custou 5 mil reais, foram 20 locaçãoes, uns 6 meses de trabalho pesado tanto na pré-produção quanto na pós. A equipe também tinha umas 20 pessoas, cada um com escolas e referências diferentes, o que foi ótimo, enriqueceu bastante o filme e todos se deram muito bem, se escutavam, respeitavam as idéias e opiniões dos outros. Considero um trabalho realmente coletivo.
Queria falar também de dois diretores com quem trabalhei, o Paulo Mainhard e o Rodrigo Portella. Além de toda a parte técnica que eles me ensinaram (de direção de atores, fotografia, montagem), acho que o mais importante que aprendi na convivência com eles foi o idealismo, como eles percebem o cinema como uma arte coletiva e são tão generosos com a equipe e o elenco, a entrega que eles têm pelo trabalho, é como se cada filme fosse um casamento. Acho a curiosidade e a humildade deles facinantes também.

CM - Como você vê hoje, o panorama dos novos cineastas independentes surgindo no Brasil?

MC - Confesso que tô achando ótimo todo esse movimento que estamos tendo atualmente de cineclubes, mostras, festivais, youtube, Internet... Claro que é uma delícia ver seu filme projetado num cinema "de verdade", com a estrutura ideal para recebê-lo (som, tamanho da tela), mas é esse movimento "marginal" que está surgindo que nos permite ver tantas coisas diferentes, conhecer trabalhos dos mais diversos lugares, ter acesso a novos grupos e idéias. Claro que isso vem pela facilidade do digital, uma fita de uma hora custa 8 reais e você pode editar seu filme em casa, acho que mais importante que a tecnologia utilizada é o cuidado técnico e ter bem claro o que você quer dizer com aquilo.

CM - Quem é Manu Castilho por Manu Castilho?

MC - "EU ANDO PELO MUNDO PRESTANDO ATENÇÃO
EM CORES QUE EU NÃO SEI O NOME:
CORES DE ALMODÓVAR
CORES DE FRIDA KAHLO,CORES...
PASSEIO PELO ESCURO,
EU PRESTO MUITA ATENÇÃO NO QUE MEU IRMÃO OUVE
E COMO UMA SEGUNDA PELE, UM CALO, UMA CASCA,
UMA CÁPSULA PROTETORA
EU QUERO CHEGAR ANTES
PRA SINALIZAR O ESTAR DE CADA COISA
FILTRAR SEUS GRAUS
EU ANDO PELO MUNDO DIVERTINDO GENTE
CHORANDO AO TELEFONE
E VENDO DOER A FOME NOS MENINOS QUE TÊM FOME
PELA JANELA DO QUARTO
PELA JANELA DO CARRO
PELA TELA, PELA JANELA
(QUEM É ELA, QUEM É ELA?)
EU VEJO TUDO ENQUADRADO
REMOTO CONTROLE..."


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